ATA DA VIGÉSIMA TERCEIRA
REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 18.12.1997.
Aos dezoito dias do mês de
dezembro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi
realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Guilherme
Barbosa, João Dib, Juarez Pinheiro e Paulo Brum, Titulares, e Cyro Martini e
Pedro Américo Leal, Não-Titulares. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Maria do Rosário e Renato Guimarães, Titulares, e Lauro Hagemann,
Não-Titular. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias
da Ata da Vigésima Primeira Reunião Ordinária, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE
constaram: Ofícios nºs 555 e 556/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre; 3050, 3093, 3094, 3102 e 3104/97, do Senhor Gilberto Mace, Chefe da
Casa Civil Adjunto do Estado/RS; s/nº, do Senhor José Bento Pereira, Presidente
da Igreja Evangélica Assembléia de Deus; s/nº, do Senhor Elodir Kowalski da
Silva, Presidente da Associação Sul-Riograndense dos Viajantes Comerciais -
Caixeiros Viajantes; s/nº, do Senhor Hilgo Gonçalves, Diretor das Empresas da
Região Sul, da União de Bancos Brasileiros S.A. - UNIBANCO; Cartões: da Senhora
Iara Sílvia Lucas Wortmann, Secretária de Estado da Educação/RS; do Senhor
Nelson Boeira, Secretário de Estado da Cultura/RS; do Deputado Federal Adylson
Motta. Na oportunidade, respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores João
Dib, Fernando Záchia e Gerson Almeida, o Senhor Presidente prestou informações
acerca do artigo 228 do Regimento e de notícias veiculadas pela imprensa,
relativas à possibilidade de convocação extraordinária desta Câmara nos dias
vinte e nove e trinta de dezembro do corrente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador João Dib teceu considerações sobre o Projeto de Resolução nº 39/97 e
manifestou-se quanto à possibilidade de encaminhamento, pelo Executivo
Municipal, de projeto alterando os valores do Imposto Predial e Territorial
Urbano de Porto Alegre - IPTU. Ainda, formulou questionamentos acerca da
proposta orçamentária do Executivo Municipal para o próximo ano, salientando
que os valores apresentados nesta proposta são inferiores às previsões
efetuadas pelos agentes de arrecadação tributária do Município. O Vereador
Gerson Almeida reportou-se ao pronunciamento do Vereador João Dib, relativo à
proposta orçamentária do Executivo Municipal para o próximo ano, contraditando
críticas efetuadas por Sua Excelência e solicitando seja estudada a regimentalidade
desse pronunciamento e a tomada das medidas cabíveis quanto ao assunto. Na
oportunidade, através de Questão de Ordem, o Vereador Fernando Záchia
manifestou-se acerca do pronunciamento do Vereador Gerson Almeida. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell defendeu uma fiscalização mais rígida
quanto às pichações observadas em prédios e muros da Cidade. Registrou o
transcurso do aniversário da Feira da Cidade Antiga, realizada semanalmente na
Praça Brigadeiro Sampaio, solicitando o apoio dos Senhores Vereadores na
divulgação dessa Feira. Na oportunidade, o Vereador Paulo Brum, presidindo os
trabalhos, registrou ter o Vereador Clovis Ilgenfritz ausentado-se
momentaneamente desta Reunião, para participar da solenidade de reinauguração
do Hospital São Francisco, atendendo a convite da Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Garcia
solicitou uma maior fiscalização dos postos de auto-serviço existentes em Porto
Alegre. Parabenizou-se com o Governo Estadual por ter revisado decisão de
transferência de brigadianos do interior para a Capital. Também, desejou a
todos Feliz Natal e um Ano Novo repleto de paz. O Vereador Eliseu Sabino
manifestou sua preocupação face a colocações efetuadas pelo Senhor João Fritz
Ferreira, representante do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Gás
Liquefeito de Petróleo no Estado do Rio Grande do Sul, relativas à falta de
fiscalização observada na área do comércio de gás liquefeito. Ainda,
congratulou-se com o Senhor Presidente e os Senhores Vereadores pelo trabalho
realizado no corrente ano, augurando por um Feliz Natal e próspero Ano Novo. O
Vereador Clovis Ilgenfritz agradeceu as manifestações de condolências recebidas
por ocasião do falecimento do Senhor Rubem Kessler da Silva. Classificou como
positivo e muito profícuo o relacionamento mantido durante o corrente ano por
este Legislativo com os Poderes Executivo e Judiciário e demais instituições da
Cidade, tecendo considerações acerca da sua atuação, juntamente com o Colégio
de Líderes, na direção dos trabalhos da Casa. O Vereador Guilherme Barbosa
registrou a conclusão, pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos, da
segunda etapa da Estação de Tratamento de Esgotos de Ipanema. Analisou
problemas oriundos da utilização de água de poços artesianos de grande
profundidade para consumo humano e, também, comentou a venda, pelo Governo
Estadual, de parte da Companhia Estadual de Energia Elétrica - CEEE. O Vereador
João Dib questionou o fato da Liderança do PT na Casa não responder a indagações
formuladas por Sua Excelência, quanto à ocorrência ou não de desvio de verbas
junto à Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Ainda, referiu-se a documento
distribuído aos Senhores Vereadores, de autoria da Associação dos Inspetores e
Agentes de Tributos Municipais, relativo às previsões orçamentárias do próximo
ano, e desejou a todos boas festas e um Feliz Natal. O Vereador Juarez
Pinheiro, reportando-se ao discurso do Vereador João Dib, afirmou que as
declarações de Sua Excelência visam obstaculizar o projeto do Executivo
Municipal que altera valores do Imposto Predial e Territorial Urbano de Porto
Alegre. Também, analisou a política econômica ora adotada pelo Governo Federal
e discorreu sobre o contrato firmado entre a Companhia Riograndense de Telecomunicações
- CRT e a Empresa Listel, para fins de edição de listas telefônicas. O Vereador
Nereu D'Ávila, manifestando-se sobre vistoria feita pelo Conselho Regional de
Medicina nas dependências do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre,
externou sua preocupação com a falta de recursos humanos e técnicos atualmente
verificada naquele hospital. Na ocasião, o Vereador Adeli Sell formulou
Requerimento verbal solicitando cópias do discurso do Vereador Nereu D'Ávila.
Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Paulo Brum reportou-se ao pronunciamento do
Vereador Nereu D'Ávila, no referente ao atendimento prestado à população pelo
Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, afirmando que, apesar das
dificuldades, tal atendimento é considerado satisfatório. Também, manifestou-se
acerca da redução do tamanho dos acostamentos da Auto-Estrada Porto
Alegre-Osório e fez um balanço sobre sua atuação na vereança durante o corrente
ano, desejando a todos boas festas. O Vereador Pedro Américo Leal, ao comentar
a atual estrutura de atendimento oferecida pelo Hospital de Pronto Socorro de
Porto Alegre, criticou os valores dos salários recebidos pelos funcionários
desse hospital, classificando como ineficiente a atuação do Governo Federal na
área da saúde. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz salientou a
necessidade de uma atuação mais incisiva deste Legislativo no trato das
questões atinentes ao Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre e à política
salarial dos funcionários públicos municipais. Na ocasião, o Senhor Presidente,
face à Questão de Ordem suscitada pelo Vereador Reginaldo Pujol, prestou
esclarecimentos acerca da condução dos trabalhos da presente Reunião. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Reginaldo Pujol teceu considerações sobre acordo
firmado por Bancadas deste Legislativo, visando à convocação de uma Sessão
Legislativa Extraordinária para viabilizar a apreciação de projetos durante o
recesso parlamentar. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do
Arquiteto Paulo Soares, Chefe de Gabinete do Vereador Clovis Ilgenfritz,
saudando-o pelo transcurso do seu aniversário. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Reginaldo Pujol, dando continuidade ao seu pronunciamento em
Comunicações, proferiu análises relativas à possibilidade de convocação
extraordinária deste Legislativo, conforme acordado por várias Lideranças da
Casa. O Vereador Nereu D'Ávila teceu considerações acerca da forma como foram
escolhidos os projetos a serem apreciados em caso de convocação extraordinária
deste Legislativo, salientando a necessidade da população ser informada de que
tal convocação não resultará em ônus para os cofres públicos. Em COMUNICAÇÕES,
o Vereador Elói Guimarães manifestou-se sobre o trabalho do Senhor Luiz Carlos
Pinto, Diretor-Administrativo do Hospital Cristo Redentor, na busca da melhoria
constante do atendimento médico à população de Porto Alegre, em especial àquela
residente na Zona Norte da Cidade. Também, externou votos de boas festas e
desejou a todos Feliz Natal. Na ocasião, o Vereador Pedro Américo Leal
parabenizou a Mesa Diretora pelo trabalho realizado durante o corrente ano. Às
doze horas e cinqüenta e dois minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Paulo Brum e
Pedro Américo Leal, este nos termos do parágrafo único do artigo 27 do
Regimento, e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do
que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por todos os Senhores
Vereadores presentes.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Com a palavra, o Ver. João
Dib.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, li nos
jornais de hoje que a Câmara de Vereadores será convocada extraordinariamente,
por decisão dos partidos que compõem a Mesa, nos dias 29 e 30. Solicito de V.
Exa. a interpretação do art. 228 do Regimento e do Colégio de Líderes que deve
assessorar a Presidência para qualquer medida de maior importância. Saúde e
paz.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai responder a V. Exa. assim que
tiver em mãos o teor do art. 228.
Pedimos licença
aos Vereadores e Vereadoras e ao quadro funcional da Casa para - não em tempo
de Presidência, mas em um tempo de pessoa, de ser humano - agradecer. Estive
ausente por uns dias em função de doença grave e falecimento do meu pai, que
ocorreu no domingo, às 22h15min.
Queria dizer a
todos muito obrigado. Recebi o calor, a solidariedade dos colegas Vereadores,
dos funcionários. Tive a surpreendente visita, na hora do enterro de meu pai,
de alguns colegas da Casa, que viajaram 420km para, num ato de solidariedade,
levar um abraço em nome dos colegas e funcionários, em Ijuí.
Faço o
agradecimento em nome de toda a família, em especial da minha mãe, que esteve
aqui. De certa forma, ela vive o nosso processo no dia-a-dia. Ela manda
agradecimentos em nome dos meus irmãos, de todos os familiares.
Realmente, foi
uma semana bastante difícil para mim, mas, seguindo o exemplo de meu pai, tenho
que continuar na luta, com as luzes que ele, felizmente, deixou para todos nós.
Quero agradecer muito, mesmo, a todos os colegas Vereadores e dizer que de lá eu
acompanhei de perto os trabalhos da Casa e fiquei muito satisfeito porque
alguns projetos, por cuja aprovação lutamos, foram aprovados. Acho que, por
terem mérito e por terem sido elaborados pelo coletivo da Câmara, foram
aprovados mesmo sem a minha presença na Casa.
Muito obrigado,
mais uma vez, e espero continuar trabalhando junto com todos vocês.
Inicialmente,
gostaria de dizer ao Ver. João Dib que ontem, na Câmara, alguns Vereadores e
Líderes dos partidos que integram o acordo da Mesa pediram uma reunião com a
Presidência. Então, foi realizada uma reunião - embora não oficial - que contou
com a presença dos Vereadores Luiz Braz, Gerson Almeida, Carlos Garcia e Nereu
D'Ávila, para trocarmos algumas idéias e, inclusive, fazermos ajustes no
processo de substituição dos Vereadores que integram a Mesa Diretora. Nesse
momento estavam presentes o 2º Secretário da Casa, Ver. Guilherme Barbosa, e o
Diretor-Geral, para dar, também, andamento a vários assuntos de caráter
administrativo.
Quanto à
questão política da Convocação Extraordinária, ela veio durante a discussão dos
assuntos que estavam sendo tratados, a pedido do Governo Municipal, através do
Líder da Bancada do PT, para que a Casa fizesse um esforço no sentido de serem
votados dois projetos ainda este ano. Nós concordamos com a possibilidade de
realizar esta Convocação Extraordinária. O assunto ainda não constou no edital
de convocação. Não foi uma atitude feita sem a consciência de que era
necessária essa Convocação. Agora, podemos fazer uma reunião da Mesa com as
Lideranças da Casa, imediatamente, para ver se isso se confirma. O Governo
mandou dizer que gostaria que fosse feito. Nós discutimos ali e achamos que
poderia ser feito. O Ver. Luiz Braz solicitou com insistência que fosse nos
dias 29 e 30, porque ele estará viajando nos dias 22 e 23, que seriam os dias
dedicados a esta reunião. Entendemos que cabe à Presidência, a qualquer
momento, o direito precípuo de convocação de uma Sessão Extraordinária. Cabe
também ao Presidente ter a capacidade de consultar as Lideranças para que isso
não seja feito de uma forma autoritária ou discricionária. Pergunto ao Ver.
João Dib e aos demais Líderes se há necessidade de nos reunirmos, porque então
faremos uma reunião ainda hoje do Colégio de Líderes com a Mesa para tirar
qualquer dúvida e não deixar nenhum fato mal explicado.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o art. 228
foi até alterado por resolução proposta pela Mesa, Assessoria e Lideranças,
para debate dos assuntos mais importantes da Casa. A minha contrariedade
expressa-se porque ontem, às 15h45min, eu perguntava ao gabinete de V. Exa. se
haveria reunião das Lideranças para decidir a Convocação Extraordinária que
estava sendo ventilada nos corredores da Casa. Às 16 horas voltava a perguntar
e, às 16h30min, quando eu saía da Câmara, eu perguntei. O jornalista estava
presente, perguntou lá no gabinete e responderam: “Não, não tem reunião das
Lideranças”. A minha contrariedade está expressa porque o Regimento não foi
cumprido.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa, através da minha solicitação,
convidou os Líderes para, às 16 horas, receber o Vice-Prefeito e a prestação de
contas da Prefeitura, o que foi feito. Na seqüência, os Vereadores que fazem
parte desse acordo político-administrativo que foi feito para administrar a
Mesa Diretora pediram uma reunião. Então, esse fato aconteceu numa seqüência,
não houve uma convocação para isso. Quero que V. Exa. fique tranqüilo.
Inclusive, os Srs. Vereadores foram insistentemente convidados, uma vez que
havia audiência marcada com o Sr. Prefeito, mas, como ela não poderia ser
cumprida, veio o Vice-Prefeito em seu lugar, o que aconteceu. Foi um momento de
bastante participação. Vários Líderes estiveram lá, no Salão do Memorial.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, na verdade,
eu lamento porque, em todo o processo - do qual V. Exa. não participou, pois
estava em merecida licença -, foram feitas diversas reuniões dos Líderes de
todas as bancadas para que pudéssemos elaborar a Ordem do Dia para as últimas Sessões.
Foi um processo construtivo, com a participação de todas as bancadas, com todas
as Lideranças, e chegou-se ao consenso que atendia aos interesses do Executivo
e dos partidos que formam esta Casa, inclusive os partidos de oposição. A minha
surpresa é que, depois de participarmos ao longo do processo que ajudamos a
construir, na parte decisiva, Vereadores que ao longo do ano vieram a todas as
Sessões - certamente esses Vereadores não são os responsáveis pelo desleixo que
o Executivo possa ter cometido ao enviar alguns projetos importantes, ao final
do ano legislativo, para esta Casa - sejam penalizados ao não serem escutados.
Deveria haver sensibilidade para se saber que nós, Vereadores que ao longo do
ano não tiramos férias, naquela semana de Natal e Ano Novo - e esta Casa é
composta por diversos Vereadores que não têm suas origens em Porto Alegre;
alguns são provenientes do interior ou de outros estados do País -,
comparecemos a estas festas de final de ano, organizamos nossas viagens.
Concordo com o Ver. Paulo Brum de que haveria outra data em melhor condição,
porque seremos prejudicados, já que alguns suplentes terão que assumir nesta
Casa sem ter conhecimento algum destes projetos e terão que estudá-los de forma
apressada, pois estarão substituindo os seus titulares, que não estarão em
Porto Alegre. Digo claramente: no PMDB, dois titulares, Ver. Fernando Záchia e
Vera. Clênia Maranhão, não estarão aqui nos dias 29 e 30, e foram Vereadores
que participaram, ao longo do tempo, da construção deste processo.
Deixo, então,
aqui registrada a inconformidade do PMDB pela maneira como foi conduzida essa
reunião ontem, para a qual o PMDB não foi convidado. E, no momento em que se
fazia a pauta, que se fazia a Ordem do Dia, os partidos que compõem esse
acordo, principalmente o PT, procuravam o PMDB, e o PMDB participava com o
objetivo de construir uma solução que fosse boa para a Casa.
O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero
lembrar que os Vereadores Fernando Záchia e João Dib participaram, na semana
passada, de uma reunião do Colégio de Líderes com a Mesa, em que houve a
decisão unânime de que haveria uma autoconvocação da Casa para tratar do
projeto de novos modelos de gestão, até o dia 10, inclusive. Isso já está
decidido e com a unanimidade das Lideranças e da Mesa. Ontem, após a reunião
dos Líderes que receberam o Vice-Prefeito José Fortunati, convocada pelo
Presidente da Casa, os Líderes que atenderam àquele chamado, preocupados com o
fato de que era preciso decidir sobre a data, reuniram-se.
(Aparte
anti-regimental do Ver. João Dib.)
Eu quero saber
se o Ver. João Dib vai determinar o que ele vai falar e o que eu vou falar. Eu
não aceito isso. Eu quero concluir. Depois, o Ver. João Dib que faça seus
gestos, suas manifestações. Está havendo uma crise de autoritarismo aqui. Eu
gostaria que o Ver. Dib me permitisse concluir e que, depois, ele faça as
colocações que faz sempre e eu não refuto.
Nós fizemos
ontem uma indicação de data em função de uma questão muito simples que
apresentei à Mesa: há, de parte do Executivo Municipal, interesse em que dois
projetos seus, além de outros que a Câmara possa ter interesse, sejam
apreciados. E um deles exige que seja aceito ainda este ano. Nas datas
apresentadas ontem, as únicas possíveis foram 29 e 30. Eu quero dizer que, de
parte da Liderança do PT, não há nenhuma dificuldade. Se pudermos viabilizar
uma outra data ainda este ano que seja melhor para a maioria, não há nenhum
problema. A questão é que, como vai haver uma autoconvocação da Câmara, não
precisa haver uma convocação pelo Executivo para votar um projeto que, todos
nós sabemos, precisa ser votado ainda este ano. Mesmo contrários ao mérito
desse projeto, que não se inviabilize a possibilidade de uma convocação ainda
este ano. É esta a preocupação, Ver. João Dib. A data - quero deixar bem claro
- possível, ontem, era esta. Se houver outra data que colecione mais
Vereadores, de nossa parte não há problema.
O SR. PRESIDENTE: Como esse assunto deve ser discutido - ele
não está na pauta e estamos fazendo um debate sobre esse assunto - eu sugiro
que façamos uma reunião às 11h15min, rápida, de Mesa e de Lideranças de todos
os partidos, para deliberar sobre esse assunto, porque ontem entendemos que
havia todo um consenso.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V. Exa.
continua merecendo todo o meu respeito e carinho. Eu fui convidado para uma
reunião onde o Vice-Prefeito entregaria a prestação de contas à Casa, mas que
eu não compareceria, até porque eu tenho um Requerimento para que a Comissão de
Constituição e Justiça informe sobre a interpretação que eu tenho do art. 116
da Lei Orgânica do Município, de que a prestação de contas deve ser primeiro
feita à Câmara e depois na rua. Mas como ele já havia feito na rua, não tinha
por que aceitar o convite do Sr. Vice-Prefeito.
Achamos, entre
as Lideranças, que poderia haver uma autoconvocação para estudar alguns
projetos que ficaram pendentes. Mas poderia ser até dia 10 de janeiro, e eu não
vejo por que a pressa da Câmara se autoconvocar para a pretensão do PT colocar
novamente, na Ordem do Dia, o aumento do IPTU acima da inflação. E a isto eu
sou absolutamente contrário.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa sugere às Lideranças dos partidos a
possibilidade de nos reunirmos, após esta Reunião Ordinária, para podermos
decidir sobre esse assunto.
O Ver. João Dib
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a pergunta
é: a Prefeitura tem caixa dois? Como alguns Vereadores se espantaram, vou
repetir: a Prefeitura tem caixa dois?
Devo dizer, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, que a Câmara modificou a sua estrutura, criou
novos cargos - contra o meu voto, é claro; contra o voto dos Vereadores Antonio
Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, João Carlos Nedel (desses quatro eu estou
lembrando) -, e nós não criamos uma auditoria para examinar a execução
orçamentária da Prefeitura, que é estranha, no mínimo.
Estamos
tentando uma autoconvocação para analisar o IPTU, que já está morto e
sepultado, por todas as razões que entendo legais. Mas o PT continua
insistindo, e a Câmara se autoconvoca sem que haja uma auditoria. Está querendo
colocar um Projeto de Lei, que não tem nada a ver com a história, e que o nobre
Ver. João Constantino Pavani Motta, na sua defesa de parecer na Comissão de
Constituição e Justiça, diz:
“A proposição
visa alterar dispositivo da legislação tributária do Município com o objetivo
de desburocratizar procedimentos, diminuindo o número de processos
administrativos em tramitação, quando desnecessários, ampliando prazos para
inscrição de contribuintes, facilitando a compensação de créditos tributários
para a Fazenda Municipal e o contribuinte e assegurando o direito de petição ao
Poder Público Municipal sem a necessidade de pagamento de taxas. Estabelece,
também, o valor mínimo para o lançamento de diferença do IPTU e da Taxa de
Coleta de Lixo em 10 UFIRs, ficando o Poder Executivo autorizado a reemitir
créditos tributários inferiores a 10 UFIRs, em conformidade com o Código
Tributário Nacional. Por fim, desburocratiza o procedimento para o gozo da
isenção de impostos, como no caso dos profissionais liberais nos primeiros três
anos após a colação de grau, ISSQN e, das entidades, o ITBI”.
Eu, realmente,
estou irritado. Mas a pergunta é: a Prefeitura tem caixa dois? E por que a
pergunta? A Prefeitura, que está tentando aumentar o IPTU acima da inflação,
colocou no Orçamento deste ano de 97, como meta, arrecadar 61 milhões e 240 mil
reais até 31 de dezembro. Já arrecadou 57 milhões e 400 mil. Está pretendendo arrecadar
mais. E a pergunta é: a Prefeitura tem caixa dois?
Não fui o único
a receber o documento dirigido aos Vereadores do Município de Porto Alegre pela
Associação dos Inspetores e Agentes Tributários Municipais. Ontem mesmo foi
saudada a presença aqui do Presidente da Associação. E é ela que informa, são
os homens que lidam com os tributos, com a arrecadação da Prefeitura, que, na
carga geral do Município, da Secretaria da Fazenda, IPTU mais taxa de lixo,
para 97, somam 159 milhões de reais. E por isso eu pergunto: caixa dois existe?
Aqui é taxa de lixo e IPTU. Somados os dois, na forma da proposição do
Executivo, na proposta orçamentária, dá cerca de 81 milhões, e os agentes
fiscais, os inspetores da Prefeitura, os homens que lidam com a arrecadação na
Prefeitura informam que deveria ser 159 milhões.
O Ver. Adeli
Sell, numa brilhante defesa, como sempre, dizia que não há inadimplência no
IPTU em Porto Alegre ou, no mínimo, que a inadimplência do IPTU é a mais baixa
de todas as capitais. Então, fica a pergunta. A Prefeitura informa, na proposta
orçamentária, 81 milhões de reais; os agentes fiscais informam 159 milhões de
reais, mas nos anos anteriores se dá a mesma coisa.
Encerro, Sr.
Presidente, perguntando: a Prefeitura tem caixa dois? Espero resposta. Saúde e
paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Gerson Almeida está
com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, se tem uma coisa que eu gosto de exercer na vida pública,
parlamentar ou não, é o exercício da tolerância. Acho que qualquer relação
humana tem que ter muito de tolerância, porque ninguém é igual a outro e,
portanto, o exercício da relação humana sempre é um exercício do contraditório,
do diferente, mas nós precisamos conviver em sociedade. Agora, há algumas
pessoas que têm muita dificuldade em admitir o diferente por uma simples razão:
porque elas se acham o supra-sumo do que a humanidade produziu. Tudo o que
fazem é bem feito e perfeito. Portanto, olham com desdém e se dão o direito de
dizer qualquer coisa sobre outrem, inclusive dizer, de uma administração que já
tem 10 anos de governo em Porto Alegre, que tem caixa dois.
Isso, Ver. João
Dib, é inadmissível! V. Exa. tem que ter mais responsabilidade, mais seriedade.
Não pode dizer uma coisa dessas sem demonstrar provas. Eu peço à Câmara de
Vereadores de Porto Alegre que estude o pronunciamento do Ver. João Dib e tome
as medidas regimentais necessárias, porque é inaceitável que um homem público
dessa estatura e com esse passado diga alguma coisa desse tom. É um desrespeito
para com a Cidade de Porto Alegre.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu ouvi
atentamente o pronunciamento do Ver. Gerson Almeida e, não entrando no mérito
da discussão, é da sua competência essa questão. Agora, a Câmara não tem essa
competência. O Ver. Gerson Almeida solicitava que a Câmara tomasse uma medida
contra o pronunciamento do Ver. João Dib. Quero deixar bem claro e registrar a
minha posição: a Câmara não tem essa competência.
O SR. GERSON ALMEIDA: A Procuradoria da Casa deve
estudar se o pronunciamento do Ver. João Dib fere ou não o Código de Ética
aprovado por esta Casa. Esta é a consulta que eu quero fazer. A partir dela, eu
vou estudar as medidas necessárias a adotar.
Eu entendo as
circunstâncias que levam o Vereador a dizer isso. “O homem é as suas
circunstâncias”, já disse alguém. Sem contexto, nada é possível ser explicado.
Eu creio ter encontrado o contexto que faz com que o Ver. João Dib,
insistentemente, crescentemente, fique, cada vez mais, indignado, incomodado e
até isolado em pareceres, em interpretação do Regimento, ele que é um Vereador
bastante experiente: o Ver. Dib não aceita que a sua opinião não prevaleça.
Esse é o problema!
A Comissão de
Justiça aprovou um relatório, aprovado por este Plenário, quanto à legalidade
da apreciação, por parte desta Casa, do projeto tributário. Pois o Ver. João
Dib se acha o supra-sumo, o dono da verdade, o que é muito comum aos
autoritários, àqueles que se formaram politicamente num regime de exceção, em
que tudo era possível e em que não havia a mediação do controle social, a
mediação da lei, porque a lei era feita pelos imperadores. Durante longo
período, Ver. Isaac Ainhorn, tiraram os democratas e os eleitos pelo voto
direto do controle, e a Cidade de Porto Alegre esteve tutelada por prefeitos
biônicos, o que, felizmente, acabou graças à luta travada por Porto Alegre.
Hoje, nós temos um modelo de gestão, por mais críticas que tenhamos. E aceitamos
as críticas, aceitamos as diferenças, porque nós não somos donos da verdade. A
nossa verdade, o nosso jeito tem tido, pelo menos, a adesão da maioria da
população. Enquanto houver isso, enquanto não for um general a indicar o Raul
Pont, o Tarso Genro, o Olívio Dutra, nós estamos satisfeitos.
A Câmara de
Vereadores de Porto Alegre, por larga maioria, aprovou o relatório da Comissão
de Justiça quanto à legalidade da aprovação do projeto tributário. Eu não quero
ter a aprovação do Ver. João Dib ao projeto, até porque ele já tem posição
clara sobre o assunto, mas o que não pode acontecer é usarem-se artifícios que
sequer são legais ou regimentais sobre o que o Plenário decidiu para impedir
que ele seja votado. Acho que isso não é justo nem correto para a Cidade; não é
correto para este Plenário.
Portanto, eu
quero deixar clara esta manifestação, e acho muito ruim que se venha à tribuna,
especialmente Vereadores experientes como o Ver. João Dib, e façam perguntas, a
meu juízo, levianas, como: tem caixa dois na Prefeitura de Porto Alegre? As
contas da Prefeitura de Porto Alegre são as contas mais transparentes. Gostaria
que em 1982, 1983 e 1984 tivéssemos a transparência nas contas públicas como
temos hoje. Aí, sim, poderíamos discutir de igual para igual. De outro lado, é
uma situação que não faz jus ao passado e à responsabilidade pública do Ver.
João Dib - mesmo na divergência que temos, eu reconheço que ele tem. Porém,
ultimamente, ele tem feito pouco para estar à altura desse passado. Não tenho
dúvidas de que possa ser uma crise momentânea, como todos nós passamos, e que
vai retomar o seu caminho de altivez. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de
COMUNICAÇÕES
O Ver. Adeli
Sell está com a palavra.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, eu queria agradecer aos Vereadores que ontem se colocaram na
mesma posição que nós expressamos aqui de fazermos uma campanha contra a
irresponsabilidade de grupos de vândalos que estragam a beleza da campanha
“Brilha Porto Alegre” com pichações. Acredito que possamos, juntos, levar
adiante uma campanha nesse sentido, engajando entidades e movimentos sociais,
para que Porto Alegre seja, de fato, uma Cidade que não apenas brilhe na
véspera de Natal, mas que brilhe o ano inteiro.
Em segundo
lugar, queria dizer ao Ver. João Dib que nas administrações petistas não há
caixa dois. Sempre que houve problemas de falta de idoneidade, sempre que houve
problemas de lisura, nós tomamos medidas cabíveis, inclusive com seus
dirigentes, como já aconteceu no Rio Grande do Sul, incluindo, inclusive, a
expulsão dos quadros partidários.
Quanto à
questão da inadimplência, o que eu coloquei ontem, aqui, é de que em Porto
Alegre há pouca inadimplência.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, eu desejaria responder a V. Exa. uma pergunta
do Líder de sua bancada. As contas de 1983, 1984, 1985 foram aprovadas sem
restrições e sem explicações. Eu duvido que o PT possa dizer a mesma coisa.
O SR. ADELI SELL: Nós não temos nenhum problema ao sermos
questionados pelos Tribunais de Contas do Município, Estado e União. Sempre
mostramos o que fizemos e o que deixamos de fazer e assumimos as nossas
responsabilidades.
Ontem eu falava
que havia pouca inadimplência do IPTU. É verdade. Nós temos uma dívida ativa
muito grande, é verdade, segundo os dados da IAMU. Eu levo esses dados em
consideração e, se depender deste Vereador, na Comissão de Economia e Finanças
desta Casa no próximo ano, eu permanecendo nesta Casa, vamos fazer um grande
debate sobre a questão das dívidas ativas dos municípios, o que pode ser
cobrado e o que não vai ser cobrado.
Eu queria hoje
me deter em uma outra questão de Porto Alegre, já que tanto somos cobrados para
discutirmos temas da Cidade de Porto Alegre. Eu quero aqui dizer aos nobres
colegas Vereadores que, neste mês de dezembro, estamos comemorando o
aniversário da Feira da Cidade Antiga, na Praça Brigadeiro Sampaio, que, se não
me falha a memória, já teve o nome de Harmonia. Essa é uma feira ímpar em Porto
Alegre, porque, além de trazer produtos artesanais, ela tem uma feira
gastronômica, que inicia próximo ao meio-dia e vai até a metade da tarde. Eu
descobri aqui, na Comissão de Revitalização do Centro, que muitos Vereadores
não conheciam e não sabiam que havia essa feira gastronômica, com a presença de
várias etnias, representações de vários países, com comidas típicas. Na
Comissão Externa aqui da Câmara, fizeram um brado por falta de divulgação dessa
feira. No sábado, iniciaram-se as comemorações de aniversário dessa feira e ela
estava acanhada. Acanhada, na minha opinião, está também a nossa divulgação
dessa importante feira da nossa Cidade. Há muito que se fazer para que essa
feira seja revitalizada, porque o espaço que ela ocupa, ali onde se faz a volta
do Gasômetro, é esplendoroso, com suas árvores que nos abrigam do sol no verão,
e, no inverno, com o sol que ali brilha, nós podemos ter algo parecido como o
Brique da Redenção aos domingos, até porque há de vingar o Projeto Porto dos
Casais, o Corredor Cultural, na Avenida dos Andradas. Nós teremos ali a
confluência de várias ruas, de vários movimentos culturais e aos sábados
poderemos ter uma grande feira, como deve ser a feira da Cidade Antiga. Eu já apelei
ao nosso próprio Departamento Municipal de Limpeza Urbana para tomar medidas
cabíveis, porque nós estamos no aniversário, mas não apenas por isso. É
importante que haja um clima, uma limpeza específica naquela região. Foi
aprovada no Orçamento Participativo, e o Secretário da SMAM, Hideraldo Caron,
já anunciou que está em processo de licitação, a feitura dos banheiros, naquela
praça, adequados, como devem ser numa cidade moderna.
Eu creio que
devemos divulgar essa feira para a nossa Cidade, porque a Feira da Cidade
Antiga é importantíssima para resgatar a história daquela praça e para a
revitalização do Centro da Cidade. A revitalização da Feira da Cidade Antiga há
de culminar com o projeto do Centro 24 Horas, com a campanha que estamos
impulsionando, estamos insistindo - Visite o Mercado Público - para uma melhor
adequação da Praça da Alfândega e a ocupação de parte da Rua dos Andradas pelos
expositores, pelos artesãos, pela confluência de pessoas que vão na Casa de
Cultura Mário Quintana, pelas pessoas que freqüentam a Usina do Gasômetro.
Se nós
conseguirmos no próximo período, de forma coordenada em todos esses lugares em
Porto Alegre, nós teremos uma nova vida para o Centro da nossa Cidade, como
também hão de se juntar a essa revitalização as melhorias que foram feitas no
Viaduto Otávio Rocha, que, inclusive, o comando de policiamento da Capital
atendeu um pedido, assinado por vários Vereadores da Casa, de um policiamento
devido naquele lugar, e nós fomos atendidos. Há de se juntar a um trabalho feito,
e foi mencionado ontem, na Rua 24 de Maio, por uma associação ali criada e que
faz uma série de demandas junto ao DMLU, que também foi atendida numa reunião,
ontem à noite, nessa mesma associação.
Nós estamos
tentando mostrar aos Srs. Vereadores que, se houver um movimento coordenado
para revitalizar o Centro da Cidade a partir dos vários pontos que nós temos -
Mercado Público, Centro 24 Horas, Viaduto Otávio Rocha, a Feira da Cidade
Antiga e outros -, nós teremos, sem dúvida nenhuma, um centro revitalizado, e
esse é o desejo da Cidade, essa é a necessidade de uma cidade moderna.
Eu quero
concluir dizendo que é preciso que cada Vereador, juntamente com suas
assessorias e apoiadores, divulguem a Feira da Cidade Antiga. Convido a todos
para que, nas comemorações da Feira da Cidade Antiga, possam ir lá presenciar e
participar daquela festa, além de toda a atividade gastronômica que ali
acontece todos os sábados. Portanto, faço um apelo para uma ampla campanha de
divulgação da Feira da Cidade Antiga, Praça Brigadeiro Sampaio, antiga
Harmonia. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, nosso Presidente Clovis
Ilgenfritz ausentou-se da Casa, atendendo um convite da Irmandade da Santa Casa
de Misericórdia de Porto Alegre para a solenidade de reinauguração do Hospital
São Francisco - conclusão da restauração, pintura da fachada e lançamento da
Revista Médica. Após, o Presidente retornará à Casa.
O Ver. Carlos
Garcia está com a palavra no período de Comunicações.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, quero aproveitar este momento do período de Comunicações para,
novamente, cobrar uma fiscalização mais efetiva por parte do Poder Público
relativo aos postos de auto-serviço em Porto Alegre. Já havíamos feito uma manifestação
nesta Casa, pois em inúmeras visitas a postos de gasolina constatamos que
vários deles ainda funcionam com sistema de auto-serviço.
A nossa
preocupação é, primeiramente, com a saúde. Já enfatizamos isso. No nosso
entendimento, a população ainda não está preparada para manusear essas bombas,
até porque esses materiais, tanto a gasolina como o álcool, são altamente
tóxicos e, portanto, a população fica exposta.
Além disso,
como membro do Partido Socialista, nós entendemos - já que nesta Casa foi vetado
o projeto permitindo o uso de auto-serviço nos postos de gasolina, - e
exigimos, o quanto antes, do Poder Público Municipal o efetivo desempenho, até
porque, muitas e muitas vezes, está ocorrendo o desemprego, que aumenta cada
vez mais e fazendo com que essas pessoas fiquem sem ocupação. E também
questionamos se os postos com o auto-serviço reduziriam o custo do combustível.
Sabemos que não, até porque em Porto Alegre - e conclamo a população para fazer
essas visitas - há inúmeros postos de gasolina que, mesmo com o auto-serviço,
têm o combustível mais caro. Então, fazemos esse apelo para que a fiscalização
do Município tome providências o quanto antes, já que por mais de uma vez
mostramos a nossa contrariedade e a nossa ação fiscalizadora, porque o motivo
de estarmos aqui é também o de fiscalizar a Cidade.
Também
aproveito a oportunidade para manifestar-me sobre o Governo do Estado, quanto à
Brigada Militar. Nesta semana colocamos a nossa contrariedade quanto à atitude
do Sr. Governador do Estado, do Sr. Secretário de Segurança e do Comandante da
Brigada Militar relativa aos 198 brigadianos que vieram do interior, que
estavam sendo transferidos para Porto Alegre. Felizmente o bom senso voltou a
reinar no Palácio Piratini. O Governador do Estado, por apelos de toda a
sociedade gaúcha, foi sensível e voltou atrás. E este Vereador, que havia
criticado o Sr. Governador, vem aqui hoje elogiá-lo por ter voltado atrás em
sua decisão, e nós, Vereadores, temos que parabenizá-lo por essa atitude, até
porque conversamos com inúmeros brigadianos e, realmente, essas pessoas não
tinham mais a mínima condição de permanecer atuando no seu dia-a-dia. O sistema
emocional altamente abalado, suas dúvidas e inquietações quanto aos seus
familiares, suas posições relativas aos seus filhos nas escolas, também quanto
aos seus vencimentos, e de uma hora para outra, sem perspectivas, com essa
vinda para a nossa Capital! Neste momento em que esses brigadianos vão retornar
aos seus lares, sabemos que a atitude do Governador é legal. O funcionário
público estadual pode trabalhar em todo o Estado, mas, no nosso entendimento,
aquela atitude não parecia a mais correta. Felizmente hoje, aparentemente,
reina a paz na Brigada Militar. Esperamos que essas 900 vagas que existem
possam ser preenchidas o quanto antes para que a Grande Porto Alegre possa ter
uma segurança mais efetiva. É importante isso porque, nesta época do ano, o
número de assaltos ocorre mais freqüentemente. Ontem, no prédio onde moramos,
na Rua Luiz de Camões, às 16h30min uma pessoa estava sentada no seu carro e
teve o seu veículo furtado a mão-armada por assaltantes, o que demonstra que
não existe mais segurança, nem de dia, nem à noite.
Aproveitamos
para desejar a todos colegas Vereadores, aos funcionários desta Casa, a todos aqueles
que nos acompanharam durante este ano um Feliz Natal. Esta época do ano, o ser
humano deve estar sensível e voltado para o outro. É um momento de profunda
reflexão.
Em nome do
Partido Socialista Brasileiro, desejamos a toda população de Porto Alegre um
Feliz Natal e que o ano de 1998 possa ser mais coeso e que a Paz possa reinar
entre todos os irmãos! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra.
O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, temos a satisfação de mais uma vez ocupar este espaço. Estamos aqui
para manifestar a nossa preocupação com relação a uma manifestação que foi
feita no espaço da Tribuna Popular, nesta Casa, no dia 15 de dezembro, pelos
representantes de revendedores de gás, que solicitam fiscalização no setor.
Os
representantes das distribuidoras de gás liquefeito de petróleo do Estado do
Rio Grande do Sul, o SINGASUL, aqui representado pelo Sr. João Ferreira Fritz,
fez uma denúncia com relação à falta de fiscalização na comercialização de gás
de cozinha em Porto Alegre, que está sendo feita em locais irregulares, sem as
mínimas condições de segurança, como madeireiras, armazéns, bares e ambientes
fechados, sem atender aos pré-requisitos regulamentados por este Município. De
acordo com o apresentador João Ferreira Fritz, a falta de segurança no
acondicionamento do produto poderá acarretar riscos de acidentes graves. O
empresário apelou para que o Departamento Nacional de Combustíveis e a SMIC
tomem providências necessárias para coibir este tipo de comércio.
Este Vereador
teve o privilégio de participar de algumas reuniões deste sindicato, deste
departamento que controla e acompanha os revendedores de gás em Porto Alegre.
Na verdade, eles manifestam a preocupação de tamanha irregularidade com que
funciona este tipo de comércio. Os prejudicados não são apenas os que estão
regulamentados, os que trabalham com as suas firmas organizadas, com os
tributos em dia, com a situação adequada. Há, realmente, uma preocupação muito
grande desta classe com os que exploram este comércio. Não obstante, queremos
manifestar a nossa preocupação com relação à segurança, porque aqueles que
estão comercializando o gás de cozinha são piratas, estão explorando uma área
regulamentada. Então, um apelo à SMIC, porque a Secretaria de Indústria e
Comércio tem todas as condições para fazer esta fiscalização, para fazer este
acompanhamento. Queremos apelar, também, para o DNC para que haja uma atenção
especial para este detalhe.
Desta feita,
manifestamos aqui a nossa solidariedade aos comerciantes legalizados que, com
muita propriedade, manifestam a sua preocupação não apenas para resguardar o
seu comércio, mas, também, para a segurança da nossa Cidade.
Por outro lado,
queremos aproveitar este momento para manifestar a nossa palavra de
felicitações a todos os nossos colegas, aos Vereadores e funcionários desta
Casa, e também desejar, neste momento, a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano
Novo dizendo da nossa satisfação de termos participado este ano, aqui, no
Legislativo Municipal, reconhecendo nos nossos colegas a experiência que nos
passaram, a boa e agradável companhia que aqui tivemos. Tive, na pessoa dos
experientes companheiros, a oportunidade de adquirir muita coisa boa para a
minha vida. Também quero parabenizar o nosso Presidente Clovis Ilgenfritz pela
sua atuação na Presidência desta Casa, pessoa a quem eu quero manifestar a
minha satisfação por conhecê-lo e ver nele uma pessoa com serenidade, com
equilíbrio, uma pessoa muito carinhosa e com bastante amor para dar a todos
nós. Ver. Paulo Brum, nosso 1º Secretário, também; fiquei imensamente
satisfeito em participar e ter o apoio dos nossos amigos durante este ano de
97. Os demais companheiros, Líder da Bancada do PT, Ver. Gerson Almeida; Ver.
Guilherme Barbosa, Juarez Pinheiro; Ver. João Dib, não canso de falar da sua
experiência; Ver. Pedro Américo Leal, Ver. Pujol, todos vocês trouxeram a este
Vereador uma maravilhosa experiência e uma maravilhosa demonstração de carinho
e amor.
Eu fico feliz
por ter participado convosco deste ano. Pedimos a Deus que ele nos dê a graça
de continuarmos no ano que vem na égide do espírito de Deus e da bênção sobre
todas as nossas vidas. Também aproveito o momento para desejar ao nosso eleitor
muita bênção de Deus no Natal e no próximo Ano Novo. Deus abençoe a todos.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, hoje é o penúltimo dia de Sessões Representativas deste ano em
função das datas de fim de ano. Aproveito este momento para fazer uma breve
manifestação na condição de Presidente da Casa durante o ano de 1997 e
esclareço, mais uma vez, agradecendo as manifestações que recebi na semana que
passou, que a minha licença foi para tratamento de interesse particular, ou
seja, não foi licença de saúde e não foi remunerada. Faço esse esclarecimento
porque as pessoas perguntam o porquê do meu afastamento, mas não havia outra
forma de resolver o meu problema.
O Ver. Paulo
Brum, 1º Secretário, e este Presidente fizemos uma comunicação que está sendo
distribuída aos Srs. Vereadores e a todos os setores da Casa e às entidades
representativas da Capital, partidos políticos, movimentos sociais, governo,
setores do governo que durante este ano estiveram juntos conosco nesta luta
para melhor administrarmos os interesses públicos da nossa Capital.
Tivemos um ano
muito profícuo e de grande relacionamento com os demais Poderes - o Executivo,
representado pelo Prefeito Raul Pont, Vice-Prefeito Fortunati, pelo
secretariado e aqui, nesta Casa, pelas figuras do jornalista Adaucto
Vasconcellos e de outros assessores e em especial Ricardo Gothe, que sempre
esteve aqui.
Este
relacionamento de independência, de autodeterminação dos Poderes, mesmo quando
a gente participa do partido que está no governo, acredito tenha sido mantido
com a dignidade que deve ser dada ao Poder Legislativo, que também teve uma boa
relação com o Tribunal de Contas, com o Tribunal de Justiça, com as Promotorias
Públicas e com todos os setores institucionais que estão ajudando a administrar
o nosso País, nosso Estado e a nossa Cidade, no caso, a nossa experiência
particular.
Queremos dizer
que fizemos esse material não como um relatório. Nós estamos preparando um
relatório de fim de ano, com todos os trabalhos que foram realizados. Inclusive
pedimos ao Setor, por exemplo, de Obras e Manutenção para fazer uma exposição
dos projetos que foram executados e dos que estão prontos para serem executados
no próximo ano, se for o caso. Estamos fazendo uma exposição, ainda em caráter
inicial, informativa, dos projetos do Plano Diretor, dos painéis, e estamos
conversando com os setores de Relações Públicas, Memorial e Comunicação para
realizarmos uma confraternização, ainda no fim deste ano, com os funcionários
da Casa, o que eu acho que é mais do que justo e importante.
Nós, na atuação
que tivemos na Casa, procuramos sempre dar uma conotação de trabalho coletivo.
A partir da participação dos Vereadores que estiveram comigo na Mesa, dos dois
Vice-Presidentes, Reginaldo Pujol e Isaac Ainhorn, também do Ver. Paulo Brum,
1º Secretário, Vereadores Guilherme Barbosa e Carlos Garcia, Secretários,
fizemos um trabalho coletivo. Eu tenho a certeza de que foi fundamental neste
trabalho a presença dos Diretores da Casa. Os quatro Diretores mais a
Procuradora-Geral fizeram um trabalho solidário com a Mesa e souberam trazer,
através de seus setores e seções, juntamente com as chefias e os demais
servidores, a contribuição para que nós aperfeiçoássemos o trabalho de
administrar esta Câmara, que tem em torno de 600 funcionários. Temos certeza de
que, juntos, procuramos melhorar as condições materiais e também funcionais da
Casa.
Nós, além de
comunicarmos, através dessa circular, o trabalho da Mesa, as sessões plenárias,
o número de projetos que foram analisados, também estamos comunicando o
trabalho das Comissões Permanentes, dirigidas por colegiados que fizeram um
trabalho de primeira qualidade, inclusive intensificando a relação com a
população de Porto Alegre. Isso é muito importante, porque muitas vezes passa à
população a idéia de que o Poder Legislativo é uma coisa secundária. E nós
queremos colocar que ele não é nem mais nem menos que os Poderes Executivo e
Judiciário e que os três Poderes se inter-relacionam e se completam. Agora, o
Legislativo deve, cada vez mais, ser colocado junto à população para que haja
essa interação, essa maior participação e democratização de um poder.
Então, nessa
comunicação, estamos falando sobre o projeto Plano de Ação
Câmara-2000/Gestão-97, que foi a nossa. Esse projeto está praticamente
concluído e temos a satisfação de dizer que quase 95% das metas foram atingidas
no que se refere à questão administrativa, à participação da comunidade com a
Casa, à informatização total dos serviços da Câmara. Esse foi um projeto
audacioso que fizemos ao dar continuidade a um trabalho já iniciado em outra
gestão. Ele foi abrangente e modernizador e, com certeza, vai trazer economia
de escala, inclusive financeira, para a Casa e melhor qualidade de serviço.
Temos um
Legislativo aberto à comunidade, uma visão que perseguimos com muita, muita
pertinácia. Desde os primeiros momentos em que assumimos, em janeiro, lutamos
para colocar a Câmara na TV, no Canal 16. Isso foi possível depois de duas
concorrências públicas, depois de muito trabalho e muita gente se envolvendo
com o assunto. Hoje, a Câmara Municipal de Porto Alegre é uma das três câmaras
municipais do País que está usando o Canal 16, na NET, e que está, ao vivo,
mostrando a sua cara, o seu jeito de trabalhar, os seus Vereadores, o
compromisso da Casa com a população e vice-versa.
Nós estamos,
também, resgatando a memória da Câmara através de vários eventos programados
pelo nosso Memorial. Inclusive, fizemos uma saudação aos antigos Vereadores,
quando comemoramos os 50 anos do Parlamento, após o Estado Novo.
Houve a
democratização das relações internas. O Regimento está sendo revisto e poderá
ser votado em fevereiro, mas está, praticamente, encaminhado, cujo relatório
está nas mãos do Ver. Pedro Américo Leal. Fizemos uma mudança no organograma
geral da Casa e consideramos que isso revoluciona, de certa forma, o
atendimento interno, com uma participação efetiva dos funcionários, usando toda
uma herança de trabalho que vem sendo feita desde 1991, 1992, porque depois de
1968 não houve nenhuma atualização do organograma de funções. Nós o
atualizamos, esta Casa o aprovou e agora, no ano que vem, poderá ser
implementado. Fizemos também vários debates sobre a defesa do patrimônio
público, sobre as privatizações, sobre o Plano Diretor. Houve uma reunião
histórica no Mercado Público. Ampliamos as relações com as Prefeituras, com as
Câmaras de Vereadores do Mercosul. Fizemos reuniões com as Câmaras de Vereadores
da Região Metropolitana. São inúmeras as questões.
Queremos, mais
uma vez, agradecer imensamente ao corpo funcional da Casa e muito especialmente
aos Srs. Vereadores da Mesa Diretora - Ver. Paulo Brum, Ver. Reginaldo Pujol,
Ver. Isaac Ainhorn, Ver. Carlos Garcia e Ver. Guilherme Barbosa. Queremos
agradecer aos Vereadores e às Vereadoras pelo estímulo e pela compreensão que
tiveram com os nossos possíveis enganos e falta de perfeição em alguns
aspectos. Temos certeza de que procuramos sempre interpretar a vontade da
maioria da Casa em prol do serviço público, do espírito púbico que domina este
Parlamento, hoje um exemplo para toda a nacionalidade. Vamos continuar este
trabalho durante o ano que vem. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra.
Ausente. O Ver. Gerson Almeida está com a palavra. Ausente. O Ver. Guilherme
Barbosa está com a palavra.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, os jornais de hoje trazem uma informação do Departamento Municipal
de Água e Esgotos de que amanhã estará entregando a segunda etapa da Estação de
Tratamento de Esgotos de Ipanema. Com essa segunda etapa, aquela estação
passará a ter a possibilidade de tratar o esgoto de 142 mil pessoas, com
capacidade de 600 litros por segundo, ou 51 milhões de litros de esgoto por
dia.
Acho que esse é
um fato muito importante para a nossa Cidade. Essa estação vai abranger uma
área muito grande, não só Ipanema, mas também os Bairros Tristeza, Assunção,
Vila Conceição, Bairro Camaquã, parte da Cavalhada e por aí afora. E vai fazer
com que o percentual de esgoto tratado na Cidade pule de 5%, que é um valor
baixo, para 15%, que ainda é baixo; por isso é preciso continuar fazendo um
esforço grande. De qualquer maneira, é um salto significativo. E eu me sinto
contente, não só como cidadão da Cidade, como Vereador desta Capital, mas
porque tive uma participação humilde nesse processo e que me orgulha bastante.
Também preciso
registrar que uma parte do sistema já havia sido executada pelo Ver. João Dib,
quando lançou o interceptor de esgotos na Praia de Ipanema. Na minha passagem
pelo DMAE, em obras naquela região, nós completamos esse interceptor na Praia
do Guarujá, iniciamos a construção de uma casa de bombas no final de Ipanema,
no sopé do morro Espírito Santo, e desapropriamos essa área onde hoje está
construída a estação de tratamento de esgoto. Desapropriamos 50 hectares, num
processo negociado com o proprietário da área, e, com muita satisfação, nós vemos
essa obra finalizada. É a maior estação de tratamento não só da Cidade, como do
Estado, e acho que ficará assim durante muito tempo. Então, quero registrar
esse fato, que é importante. Esse projeto foi incluído dentro do Programa
Pró-Guaíba, mas, como os recursos demoraram muito para vir e foi uma obra que
teve um custo de cinco bilhões e 700 milhões só a estação, praticamente a obra
foi bancada com recursos do Departamento Municipal de Água e Esgotos, ou seja,
os recursos advindos das tarifas da água e esgoto.
Ainda no setor
de saneamento, quero-me referir a um tema sobre o qual a Casa já se posicionou
e que agora a Justiça demonstra que aqueles que foram derrotados, na ocasião,
tinham razão - da possibilidade da utilização não indicada da água dos poços de
grande profundidade.
A água
subterrânea representa uma grande riqueza. No mundo, da água que pode ser
utilizada pelo ser humano, apenas 2% da água potável está na superfície e os
restantes 98% estão no subsolo. Porto Alegre não era muito rica em água
subterrânea e, no entanto, existe um lençol significativo. Não basta a água ser
do subsolo para ser indicada ao uso humano; pode haver algumas características
que a tornam indevida ao uso humano. E se hoje a água é boa para ser utilizada
no consumo humano, amanhã pode acontecer algum fato que a contamine e,
portanto, é necessário haver um controle rigoroso sobre a utilização desta
água. E aqui fala, também, um ex-Diretor do DMAE, que iniciou, pelo
Departamento, a utilização de água de poços, mas exatamente por isso, e todos
nós sabemos da necessidade de se fazer um controle rigoroso desses mananciais.
Quando
discutimos aqui o Código Municipal de Saúde, terminou sendo aprovada uma emenda
que permitia a utilização dessa água pelo estabelecimento de saúde, com um
controle muito superficial, apesar - e foi dito isso várias vezes na tribuna -
de uma legislação estadual e federal que proibia taxativamente. Pois bem: o
Prefeito vetou, o veto foi derrubado pela Casa, e o Chefe do Executivo achou
por bem recorrer à Justiça, que deu ganho de causa ao Sr. Prefeito, proibindo a
utilização de água de poço quando existe, na região, o oferecimento de água
potável através do órgão público. Essa é a situação que deve ser obedecida.
Inclusive, o jornal de hoje, Correio do Povo, traz matéria sobre esse tema, a
Corsan alertando cidades do interior para a utilização indiscriminada da água
de poços. Mesmo que eles sejam cravados e profundos, não significa,
necessariamente, que essa água vai ser sempre indicada para o consumo humano.
Terceiro
assunto que quero abordar: há poucos dias - dois meses do fato - o Governo
Estadual, infelizmente, conseguiu vender duas partes da CEEE - Companhia
Estadual de Energia Elétrica -, que foi dividida em seis partes, sendo três
delas empresas de distribuição de energia elétrica. Duas dessas empresas de
distribuição foram vendidas com um ágio enorme, e os compradores fizeram festa,
muito felizes, apesar de terem pago quase o dobro do preço exigido. Que
conclusão tiramos? Com certeza, duas conclusões: o preço estava aquém do preço
real; em segundo lugar, estava sendo adquirido um negócio fabuloso. É um
produto de utilização obrigatória e um mercado consumidor cativo, um monopólio
natural. Não existe cidade nenhuma no mundo onde exista a possibilidade de o
consumidor optar em qual empresa de energia elétrica vai-se ligar. Sempre é um
monopólio, seja privado ou público. Nós saímos de um monopólio público para um
monopólio privado. Pois bem: uma das empresas, adquirida por uma empresa
norte-americana - AES -, está pressionando, de uma forma insuportável, as
prefeituras da Região Metropolitana de Porto Alegre (Esteio é um caso, Sapucaia
é outro caso, e várias outras) a pagarem imediatamente a dívida que têm. Não
quero aqui, de forma alguma, defender a inadimplência. A conta da energia
elétrica deve ser paga, mas não pode ser da maneira como esta empresa quer
fazer, ameaçando cortar a luz dos prédios públicos destes Municípios que passam
por momentos - e o caso de Esteio é o mais forte deles - de grandes dificuldades
financeiras. Tenho dito que a privatização da energia elétrica em nosso Estado
já começa a dar certo, como estamos vendo. Foi preciso que o Prefeito
Vanderlan, e outros da região, fosse à Justiça, que já deu liminar às
Prefeituras, evitando que a empresa privada AES cortasse a energia elétrica
destas Prefeituras.
Portanto, Srs.
Vereadores, como vemos, a privatização começa a dar certo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Isaac
Ainhorn. Ausente. Tem a palavra o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a pergunta
é: a Prefeitura Municipal de Porto Alegre tem caixa dois? A resposta não foi
dada. O Líder do partido de maior representação na Câmara Municipal perde a serenidade
em vez de responder “sim” ou “não” e ataca este Vereador quando da sua gestão
na Prefeitura, onde - e deixei isso absolutamente claro - as contas foram todas
aprovadas, sem nenhuma inspeção, pelo Tribunal de Contas, coisa que aconteceu,
por exemplo, no caso da balança quebrada, que fez com que o DMLU, que pagava 14
toneladas por caminhão, passasse a pagar 17 toneladas, dando à Prefeitura um
prejuízo de um milhão de dólares, num curto espaço de tempo de 10 meses. E esta
pergunta foi feita pelo Tribunal de Contas e ardilosamente respondida pela
Prefeitura, por certo porque depois, na gestão do Prefeito Tarso Genro, foi
levantado esse milhão de dólares.
O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Primeiro, nós respondemos: não há caixa dois na Administração do PT.
Segundo, nós respondemos a todas as questões que aqui são colocadas. Esta
Vice-Liderança anota todas as questões, junto com o nosso “Embaixador”, e envia
a todas as secretarias. Acabo de distribuir uma nota sobre uma insinuação sobre
o bar da Usina do Gasômetro. Portanto, todas as questões que respeitosamente
são levantadas aqui são por nós respondidas. Eu respondo pelo PT neste momento:
não há caixa dois.
O SR. JOÃO DIB: Sou grato pela informação de V. Exa., mas continuo
com as mesmas dúvidas, até porque, volto a dizer, por uma pergunta tão inocente
o Líder do PT perdeu a serenidade, veio à tribuna e, em vez de trazer dados,
trazer números, resolveu atacar este Vereador, que eu estaria desequilibrado,
que estaria com dificuldades, que estava agressivo. Não sou agressivo. Eu só
sou Vereador sete dias por semana, e só, exclusivamente só, Vereador. Eu não
quero saber de mais nada. A população disse que eu tinha que “verear”, e eu
estou fazendo isso em nome da população que me trouxe para cá pela sétima vez.
É claro que um
homem com a responsabilidade de ter sido prefeito, de ter sido seis vezes
secretário, incluindo as duas vezes de Diretor-Geral do DMAE, Secretário de
Governo, Secretário de Obras, Secretário de Transportes, Assessor e Engenheiro
duas vezes - hoje li no jornal Zero Hora “30 Anos” que, em 67, lá estava eu
buscando solução para o metrô, que terminou sendo o Trensurb, e era só como
engenheiro - mas, de qualquer forma, com essa responsabilidade e o peso de sete
mandatos, eu não faria a pergunta se não fosse este documento que não foi
distribuído para mim, foi para todos os Vereadores - Documento aos Vereadores
do Município de Porto Alegre -, feito pela Associação dos Inspetores e Agentes
de Tributos Municipais. O Executivo entendeu que eles são bons, e realmente
são, sem dúvida nenhuma. Até contrariando a Lei Orgânica, o Executivo Municipal
propôs um aumento salarial para eles, o qual considero insuficiente ainda. Meu
voto foi contrário, mas esta Casa aprovou. Portanto, o Executivo os considera
muito bons, porque só se propõem alguns acréscimos salariais para quem tem
competência, seriedade, responsabilidade, enfim, para quem é bom.
Então, são
estes agentes fiscais e inspetores municipais que dizem que, na carga geral do
Município, no ano de 1997, para o IPTU mais a taxa de lixo, tem 159 milhões de
UFIRS, ou seja, 155 milhões de reais. E o Executivo, na proposta orçamentária,
não chega a mais do que 81 milhões. Mas foi o Ver. Adeli Sell que disse que a
inadimplência é baixa! Então, na realidade, eu quero saber. Agora, acho que o
Prefeito deve ser convocado na Casa para explicar. O Secretário da Fazenda, que
não deu explicação, antes que esse documento circulasse, deveria vir a esta
Casa.
Mas são os
meninos, os príncipes da Prefeitura, que não ganham bem, mas são os que ganham
melhor. Eu não posso entender. Não fiz nenhuma acusação nem pergunta leviana.
Sou um homem responsável. Eu leio. Agora, isso contraria muita gente aqui na
Casa. Leio tudo que entra aqui. Sei ler também. Aí, sim, vou dizer que, por
tanto tempo fazendo a mesma coisa, de repente devo ter aprendido alguma coisa.
Então, se eu
fosse Secretário da Fazenda, Secretário do Governo ou o Prefeito, que às mãos
dele chegou esse documento aqui também, teria pedido explicações. Não precisava
que um Vereador fosse à tribuna perguntar se a Prefeitura tem caixa dois. Como
esse documento circula há algum tempo e não houve, da parte da Secretaria da
Fazenda, nenhuma comunicação a esta Casa de que os números que os agentes
fiscais do Município fornecem não são verdadeiros, eu só tenho condição de
dizer que são verdadeiros. E, se são verdadeiros, 155 milhões não são 81
milhões, e eu não posso entender, enquanto o Prefeito não vier, de viva voz,
explicar.
Então, a pergunta
é e continua sendo: a Prefeitura tem caixa dois? O Ver. Adeli Sell disse que
não, mas não me provou nada, porque não conseguiu resolver esses números. Eu
sei que o Ver. Adeli Sell é muito atento e já deve estar encaminhando a
questão. Nós próximos dias, talvez me possa dar uma explicação. Mas a pergunta
continua: a Prefeitura tem caixa dois? Nós precisamos da resposta, pois temos
imensas dificuldades em acompanhar a execução orçamentária. Dados, informações
são sonegados, e mesmo que dessem as informações nenhum Vereador tem condições
de análise. É por isso que, quando aprovaram a reestrutura da Câmara, a criação
de cargos, eu disse que foi na undécima hora e com muita pressa. Deveria haver
uma auditoria para que nós pudéssemos acompanhar o trabalho da execução
orçamentária e acompanhar, com transparência, as contas que nos são
apresentadas quando a Prefeitura não inclui, no Orçamento, a verba do SUS,
quando a Prefeitura aprova, aqui, um orçamento de 566 milhões de reais,
excluindo o SUS, que são 260 milhões de reais, cuja soma daria 826 milhões de
reais. O Prefeito, para a imprensa, afirma que o Orçamento da Prefeitura é de
750 milhões.
Tudo isso, Ver.
Adeli Sell, me leva à pergunta: a Prefeitura tem caixa dois? Nós temos 566
milhões de reais aprovados no Orçamento, e o Prefeito diz que são 750 milhões.
Temos 81 milhões de Taxa de Lixo e IPTU, e os agentes fiscais dizem que são 155
milhões.
O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. João Dib, eu gostaria de convidá-lo a ir conosco hoje, às 19h, no
Mercado, onde acontecerá a terceira sessão de prestação de contas. Eu já estive
nas duas primeiras. Seria interessante a sua presença para V. Exa. resolver
algumas de suas questões. Obrigado.
O SR. JOÃO DIB: Sou grato, meu querido amigo, Ver. Adeli
Sell, pessoa a quem respeito profundamente, mas eu sou um homem coerente. Eu
formulei um requerimento ao Presidente pedindo que ele informasse da legalidade
da prestação de contas que a Prefeitura está fazendo com imensa publicidade, quando
o art. 16 da Lei Orgânica diz que primeiro a prestação deve ser feita à Câmara
e, depois, aos outros. Foi por isso que, apesar de um convite formulado ontem,
às 16h, para que eu fosse receber aquele documento amplamente divulgado - e
caro -, eu não compareci. Porque o Vice-Prefeito, que aqui esteve, só o fez
depois de ter estado lá no Mercado um dia antes. Eu não estou de acordo com
esse tipo coisa. Lei é lei, tem que ser cumprida. É por isso que pergunto: a
Prefeitura tem caixa dois?
Encerro, Sr. Presidente,
dizendo aos porto-alegrenses em geral e a todo o Rio Grande que eu gostaria que
todos os dias do próximo ano fossem Natal. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Valdir. Ausente.
Com a palavra, o Ver. Juarez Pinheiro.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, na verdade, não quero ocupar o espaço para contestar o Ver. João
Dib. S. Exa., com esse tipo de comportamento, desqualifica a sua atuação aqui,
em sétima análise.
Ver. João Dib,
todo esse movimento que V. Exa faz é com objetivo muito claro de colocar
obstáculos para aprovação do projeto que trata do IPTU, com substitutivo do
Ver. Hélio Corbellini.
Em Porto Alegre
temos os impostos prediais e territoriais mais baixos do País entre as
principais capitais: 60% dos contribuintes pagam até 50 reais; temos isenções
para quem ganha até três salários mínimos, com determinada idade. V. Exa sabe
disto, e este seu discurso é meramente um discurso de disputa política contra a
aprovação de um projeto. Devolveria a pergunta de V. Exa. e pergunto se o seu
governo defende que passa milhões e milhões de dólares para a iniciativa
privada, sem que nenhum tijolo seja colocado antecipadamente. Faço esta
pergunta: será que o seu governo não tem caixa dois?
Srs.
Vereadores, somos um dos primeiros, nesta Casa, a fazer um debate neste ano
relativamente ao Plano Real.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Nobre Ver. Juarez Pinheiro, Deus protege os inocentes. No meu
pronunciamento, antes de V. Exa, dizia que sou, exclusivamente, Vereador, sete
dias por semana, e não tenho que responder pelo Governo do Estado. Eu faço a
análise dos dados que me são fornecidos, inclusive pelo PT, e por isso, às
vezes, sou contundente. Não quero, em absoluto, desprestigiar esta Câmara, pois
a grande missão do legislador é fiscalizar. Eu estou fazendo isso. Saúde e paz.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Eu reconheço a importância
do trabalho que V. Exa. realiza nesta Casa na questão da fiscalização, mas é
preciso que se esclareça, quando V. Exa. faz a disputa política, o que é
absolutamente legítimo e da própria gênese desta Casa, que se detecte e que se
diga - e gostaria que V. Exa. recebesse minhas palavras e fizesse a alusão de
que V. Exa. faz uma disputa política que é justa e legítima e que, a seu juízo,
faz, nesse sentido, a defesa dos cidadãos e da legalidade daquilo que V. Exa.
defende em seu mandato. Preciso também dizer o que pensamos sob a nossa ótica,
e gostaria, Ver. João Dib, que V. Exa. também assim o recebesse.
Falávamos
relativamente ao Plano Real, e lembro que, neófito nesta Casa, quando pela
primeira vez abordei a questão do Plano Real, fui olhado, aqui, no início do
ano, como um “ET”, ou seja, alguém completamente descolado da realidade, alguém
que estava tendo visões, alguém que estava sonhando. Foi a minha primeira
intervenção, o meu primeiro discurso nesta Casa. Não foi necessário muito
tempo. Em poucos meses nós, o povo brasileiro, a Cidade de Porto Alegre,
tivemos a clareza de verificar que nós não temos nenhum plano econômico neste
País e que o Plano não foi feito para eleger Fernando Henrique Cardoso, mas ele
foi escolhido pelo FMI, pelo Banco Mundial para ser, no maior país da América
Latina, o gerente desses instrumentos do capital financeiro internacional. Era
óbvio, de clareza solar, que o escancaramento das nossas fronteiras e a
sobrevalorização do real, de forma completamente irreal, gerariam
conseqüências. É evidente que um plano econômico meramente com uma âncora cambial,
semelhante à Tailândia, à Coréia do Sul, semelhante a todos países não centrais
do planeta, imposto pelo MFI e pelo Banco Mundial daria no que está dando. A
hegemonia neoliberal fez aqui no Brasil o melhor gerente que poderia encontrar,
alguém que fica do lado da burguesia internacional, que nem é da burguesia
nacional, e que fica contra os cidadãos que os elegeram. As conseqüências estão
aí. O Plano Real é igual na Tailândia, é igual ao plano lá da Tailândia, é
igual a todas as moedas sobrevalorizadas. E nós verificamos que estamos
completamente submetidos ao capital financeiro internacional e aos seus
ditames. Qualquer problema que dá em qualquer bolsa, dessas interligadas
através da revolução da informática, reflete na vida dos cidadãos. E nós estamos
verificando que o Governo se obrigou de forma desmedida a praticamente dobrar
os juros para manter o capital especulativo que estava no País, que já estava
preocupado com a desvalorização do real e com a perda dos rendimentos. Dobraram
os juros e, o que é pior, dobrando os juros, temos os cortes nas verbas
sociais, principalmente na saúde.
Srs.
Vereadores, apesar da CPMF, nós vamos ter, no ano de 1998, menos dinheiro para
a saúde do que tivemos em 1997. E o Governo Federal nesse arcabouço de retirar
recursos das áreas sociais! E aqui eu faço uma denúncia: o Conselho Nacional da
Saúde, um dos órgãos mais importantes da população, de fiscalização da gestão e
aplicação dos recursos públicos na área da saúde, está sendo desvinculado do
gabinete do Ministro da Saúde e colocado de uma forma ilegal, através de
portaria, ligado com o setor de terceiro escalão do Ministério da Saúde. O PAB
- Programa de Assistência Básica -, no nosso Município de Porto Alegre, Ver.
João Dib, vai repassar menos dinheiro para a saúde. E nós temos que nos dar
conta disso. Isso é muito sério. Tudo para quê? Para manter o capital
especulativo, para manter um sonho irreal do real a custa do sacrifício do
trabalhador, a custa dos trabalhadores e da população mais pobre do País.
Eu fico
contente de um lado e triste de outro. Esse problema eu detectei no início,
quando ninguém ainda estava falando na derrocada do real e agora o próprio
capital financeiro internacional, os médios especuladores, estão preocupados,
querendo retirar os recursos aqui do Brasil porque sabem que a moeda brevemente
será desvalorizada, porque é impossível mantê-la com essa estrutura econômica
adotada pelo Governo Fernando Henrique Cardoso.
Quero requerer,
por último, aos Vereadores que representam o Governo Antônio Britto nesta
Casa... Futuro Presidente Ver. Luiz Braz, Ver. João Dib, nós fizemos, nesta
Casa, um processo correto. Recebemos uma denúncia relativamente aos guias
telefônicos de duas ordens: a primeira, que os usuários estavam sendo
prejudicados com a retirada dos mapas e dos endereços dos guias telefônicos; e
a segunda, que os anunciantes estavam pagando duas vezes pelo mesmo produto.
Fizemos essa denúncia aqui, levamos para um local competente, que era a
Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, e o advogado da CRT, Ver.
Luiz Braz, esteve aqui conosco porque denunciamos que não havia licitação entre
a CRT e a Listel.
Eles confirmaram aqui, na
reunião da Comissão de Direitos Humanos, e ficaram de encaminhar o contrato uma
semana depois. Passaram-se três meses e esse ato de corrupção, ou seja, a falta
de licitação ou a cobrança em duplicata dos anunciantes, não foi esclarecido.
Eu quero comunicar a este Plenário que me sinto responsável por essa matéria que me foi trazida e vamos ingressar com uma representação junto ao Ministério Público, já que a CRT, que além de passar para a Listel sem licitação encarregou-se de trazer o contrato para esta Casa, mas não trouxe o contrato, está com medo de mostrar o contrato a esta Casa porque de forma irregular passou uma renda de 20 milhões de dólares para a Listel, além de prejudicar os usuários desta Cidade com guia telefônico de terceiros, que faz com que ninguém consiga encontrar os endereços ali localizados.
Conto com a
presteza de V. Exas. para tentarem trazer para esta Casa o contrato prometido
pela CRT. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra.
Ausente. O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu estou preocupado com o Pronto Socorro de Porto Alegre. Ontem,
nós discutimos, nesta tribuna, uma vistoria que foi feita pelo Conselho
Regional de Medicina e que detectou vários problemas naquele nosocômio.
Hoje, os
jornais estão recheados de novas notícias sobre o Pronto Socorro. Uma delas,
dos funcionários estranhando como o centro de estudos fez as suas denúncias;
outra, uma nota oficial da AMRIGS, e, finalmente, outra, do próprio Conselho
Regional de Medicina, reiterando e lamentando que a administração, ao invés de
procurar sanar as questões levantadas no Pronto Socorro, apenas foi para a
mídia contestar a legitimidade do Conselho Regional de Medicina de fazer o
levantamento.
Na nota
pública, assinada pelo Presidente da AMRIGS, há inclusive a citação nominal do
Sr. Henrique Fontana, Secretário da Saúde. Nessa polvorosa toda, ao
contribuinte, a nós, pobres mortais, não interessa guerra de estrelas, seja
AMRIGS, Conselho Regional, Secretário da Saúde. O que interesse a nós é um bom
atendimento à população, que precisa do Pronto Socorro.
O Ver. Isaac
Ainhorn contava-me que o seu irmão, que veio a falecer no Pronto Socorro, teve
o interregno de mais de seis horas para receber uma medicação, que deveria, por
exemplo, ter recebido às 4 horas da tarde, e foi recebida às 11 horas da noite.
Ele veio a falecer e, parece-me, foi aberta sindicância. São fatos graves que
estão acontecendo e que se devem averiguar e verificar essas questões. Já que
está nas páginas dos jornais o nosso Pronto Socorro, a nós, Vereadores, incumbe
prestar mais atenção ao que lá ocorre: se são verdadeiros os fatos, a quem
interessa essa guerra, o que está acontecendo efetivamente.
Eu não estou
formando um juízo, porque não tenho condições de chancelar a averiguação do
Conselho Regional de Medicina. Agora, não posso - até como contribuinte e como
defensor do Pronto Socorro - deixar de me preocupar com os desdobramentos dessa
questão porque o Governo Municipal diz que o Governo Estadual deveria repassar
verbas, porque 40% da população atendida no Pronto Socorro são provenientes do
interior do Estado. Isso é uma parte da questão e eu apóio e assinei a emenda
popular aqui na Casa, que foi enviada à Assembléia, mas, infelizmente, não foi
aprovada. Duas vezes. Essa é uma questão que deve ser enfocada.
Desde ontem, eu
tenho cuidado para não estar invectivando contra o Poder Público Municipal e
Estadual. Essas são questões que à população não interessa. Agora, interessa à
população ser bem atendida no Pronto Socorro, com todos os mecanismos e
equipamentos. O Pronto Socorro de Porto Alegre é para ser o nosso orgulho.
Vejam bem que
eu, quando detecto o que está acontecendo - está nos jornais com matérias
pagas, notas oficiais, troca de acusações -, eu não estou tomando partido, mas
alguma coisa há. Se estivesse tudo bem, um atendimento VIP, todos os
equipamentos modernos, um atendimento como deveria ser, um atendimento pronto,
um pronto socorro, não haveria uma averiguação e um relatório que foi publicado
em uma página inteira da Zero Hora de ontem. É muita fumaça para não haver
fogo. Por isso a minha preocupação. Eu acho que esta Câmara deveria formar uma
Comissão Externa e ir visitar o Pronto Socorro para sabermos o que há de
verdade em tudo isso, se é um jogo político, de interesses. O Pronto Socorro é
uma questão municipal. Vou requerer essa Comissão Externa.
O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Eu iria propor exatamente isso; portanto, o nosso partido vai se
agregar a essa Comissão. Interessa a nós todos os esclarecimentos. Estranhamos
que, de um dia para o outro, surgiu uma série de críticas que antes não havia.
Visitei o Pronto Socorro há poucos dias e vi coisas fantásticas sendo feitas.
Não vi essas coisas fantásticas, como os politraumatizados e o setor de
queimaduras sem nenhum elogio. Alguma coisa não está bem. Faço questão de
acompanhar essa Comissão.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. fique ciente que o PPB e os Vereadores que
formam o partido estão de acordo e farão parte dessa Comissão. Eu acho muito
estranho, repentinamente, Porto Alegre duvidar do Pronto Socorro. Por quê?
O SR. NEREU D’ÁVILA: Eu não chegaria ao
pessimismo de V. Exa. Porto Alegre não duvida do Pronto Socorro. São setores que
estão fazendo relatórios, notas, contestações que estão na mídia. A população
quer um socorro pronto.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Acho que V. Exa. tem razão quando pede essa Comissão, só que os
médicos do Hospital de Pronto Socorro é que estão preocupados e que trazem esse
assunto à baila. E, quando isso acontece, a preocupação tem que ser de toda a
sociedade e, principalmente, da Câmara.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Exato. Estou tendo o cuidado
de não tomar um partido e ontem não endossei o relatório porque não fui lá no
Pronto Socorro, não vi, e surge hoje nos jornais a AMRIGS citando nominalmente
o Secretário Henrique Fontana. Agora vieram os funcionários do Centro de
Estudos do Pronto Socorro - que, parece, foi o detonador disso tudo -
contestando, dizendo que houve prestação no Centro de Estudos. E antes que se
vendam ações pobres do nosso Pronto Socorro, vamos lá para conferir e ver como
está a situação.
Agradeço a
manifestação dos Vereadores Adeli, pelo PT, Braz, pelo PTB, e Pedro Américo
Leal, pelo PPB. E parece que estamos todos entendidos. Providenciarei a
Comissão. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ADELI SELL (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro,
se houver a concordância do Ver. Nereu D’Ávila, a cedência imediata das notas
taquigráficas para passá-las ao Sr. Secretário devido à gravidade do assunto.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. Paulo Brum está com a
palavra.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dentro da
mesma linha que abordou o nobre Ver. Nereu D'Ávila com relação ao Pronto
Socorro, tenho guardado comigo um grande carinho por esse hospital. Hoje, se
sou Vereador, se estou vivo, é graças a esse hospital. Em 1976, sofri um
acidente de carro lá na Serra de Pouso Novo, sendo que o primeiro socorro foi
em um hospital de Lajeado. Como foi um acidente grave, com causas profundas,
fui removido de Lajeado para o nosso Hospital de Pronto Socorro. Após 21 anos,
conseqüentemente, houve diversos avanços e melhorias nesse hospital. Se por
ventura se concretizar essa Comissão e eu obtiver a anuência do meu Líder e do
meu partido, gostaria de participar dela porque tenho o maior carinho pelo HPS.
Tenho a plena convicção de que lá eles salvam muitas e muitas vidas no dia-a-dia.
O Pronto Socorro, com certeza, é o primeiro hospital onde todos lembram de
buscar um socorro em todo o acidente de trânsito, tanto em Porto Alegre, quanto
na Grande Porto Alegre e em nossas estradas do interior.
Dentro dessa
linha, preocupa-me a questão dos nossos acidentados de trânsito. O nosso
trânsito, sem dúvida alguma, é a maior arma de mortandade neste nosso País,
neste nosso Estado, e algumas questões estão me preocupando. Tenho feito
algumas viagens para o interior do Estado, até porque assumi a Presidência da
Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes Físicos, e nós estamos
visitando estas associações onde se encontram pessoas trabalhando na busca da
cidadania do deficiente e tenho visto o mau andamento de conservação das nossas
estradas.
Ontem, o Ver.
Elói Guimarães trouxe uma questão que nos deixa preocupados. A nossa free-way,
estrada de alta velocidade, não tem mais os acostamentos. Não é crítica. Os
técnicos devem ter as suas razões para assim realizar estas alterações. Terá
mais uma pista, que deve aumentar o fluxo de veículos, mas, por outro lado, me
preocupo com a própria orientação dos motoristas. O mesmo está ocorrendo com a
nossa Tabaí-Canoas, que também é considerada uma estrada onde ocorrem mais
acidentes no nosso Rio Grande. Na Tabaí-Canoas também estão acabando com os
acostamentos. Mas podemos constatar que existe uma desorientação dos
motoristas. Mesmo com a terceira pista, eles continuam na pista da esquerda,
que é uma pista de alta fluidez e, conseqüentemente, os acidentes estão
ocorrendo.
Fica aqui a
nossa preocupação. Com certeza, os nossos técnicos têm uma razão para que isso
ocorra, mas o nosso alerta para que os motoristas se conscientizem da grande
preocupação que é o nosso trânsito e da própria orientação das autoridades
competentes.
Sr. Presidente,
aproveitando para fazer um relato das nossas atuações, já que estamos no
término de mais um ano legislativo, ficou a nossa certeza de que procuramos,
dentro do possível, ser bons Vereadores e fazer com que as coisas aconteçam na
nossa Cidade, na nossa Capital. Muitas vezes, talvez, tenhamos sido
mal-interpretados nas nossas posições, mas toda vez que votei o fiz consciente,
para o engrandecimento da nossa Porto Alegre.
A nossa
satisfação é saber que tivemos uma atuação muito voltada para a questão que,
com certeza, me trouxe até esta Casa, que é a bandeira dos portadores de
deficiência. Em cima disso, procuramos fazer um trabalho consciente e
conseqüente na busca de resgatar um direito à cidadania para todos os cidadãos com
deficiência.
Participamos de
um grupo de Vereadores, Deputados, de alguns Prefeitos do Norte do País e
fundamos a Frente Nacional de Parlamentares e Executivos Portadores de
Deficiência. Para nossa satisfação, fizemos aqui, na nossa Câmara, o V Encontro
Nacional, onde reunimos diversos Vereadores do interior do Rio Grande e do
nosso País, e até hoje recebo telegramas de felicitação, de carinho pela
maneira com que o povo rio-grandense e que a Câmara Municipal de Porto Alegre
sediou este encontro, recebendo as pessoas que participaram na busca de
melhores condições de vida a todos que compartilham do nosso dia-a-dia.
O Estado do Rio
Grande do Sul saiu na frente e fundamos a Primeira Frente Rio-Grandense de
Parlamentares com Deficiência Física, também composta por um deficiente visual
de Bagé. Essa frente já está atuando, buscando fazer com que os nossos direitos
sejam colocados em prática. Marcamos o primeiro encontro, que será em Santa
Maria, com o nosso Ver. Júlio Brener e tantos outros que participam dessa
frente.
Sr. Presidente,
queremos felicitar V. Exa. pelo belo trabalho que desenvolveu à frente deste
Poder Legislativo, que, com a sua determinação, pulso firme e coragem,
conseguiu mexer em pontos cruciais desta Casa para o bom andamento dos trabalhos
legislativos. Podemos destacar a reforma administrativa, que alguns nos
criticaram por ter sido feita no último momento, mas essa reforma não veio no
último momento; ela veio labutada, trabalhada, há alguns anos, e, com certeza,
o nosso próximo Presidente vai encontrar uma Casa em melhores condições para
poder desenvolver o seu trabalho.
Quero saudar os
nossos Vereadores, desejando a todos um Feliz Natal. Aos nossos funcionários,
àqueles que ficam na nossa retaguarda, garantindo o nosso brilho, o nosso Feliz
Natal e que 98 seja repleto de realizações! A você, que nos assiste, em
especial o nosso povo de Porto Alegre, o nosso povo do Rio Grande, os nossos
portadores de deficiência, seus familiares, amigos que convivem conosco no
dia-a-dia, desejamos um Feliz Natal e que em 98 possamos, nós todos, buscar as
nossas realizações! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra,
por transposição de tempo com o Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, três assuntos me preocupam sempre como político, seja Deputado ou
Vereador: a Casa em que eu vivo, a Câmara, a segurança pública e a saúde;
dentro da saúde, o Pronto Socorro. Fui eu quem primeiro esteve no Pronto Socorro,
até não deveria dizer isto, quando este ambiente se formou em torno desta Casa
e pôs dúvidas, pretensas dúvidas. O que há com o Pronto Socorro? O Pronto
Socorro que é um hospital de referência, que é um hospital de segurança, que,
quando nós temos qualquer aflição com os filhos, netos, sobrinhos, qualquer
parente, corremos para lá e somos atendidos, está posto em dúvida. O que é que
há? Imperceptivelmente foi um abalo para esta grande organização de saúde. E
por que houve isso? Como é que surgiram, repentinamente, dúvidas sobre o
Hospital de Pronto Socorro? Nada havia! Repentinamente se coloca na berlinda o
HPS!
Ora, meus
queridos Vereadores, Porto Alegre não acreditou. O importante é que Porto
Alegre não acreditou! Porto Alegre ficou estatelada para saber onde está a
verdade. Mas a verdade sobre o que diziam. Porto Alegre não teve dúvidas com
relação ao HPS, assim como não teve dúvidas quanto ao Meridional. O Meridional,
uma instituição bancária que o Governo praticamente esvaziou, e os clientes não
perderam a credibilidade. Interessante: Hospital de Pronto Socorro e Meridional
têm muita afinidade. Falou-se, cogitou-se, nada ocorreu no Estado ou em Porto
Alegre. O povo continua acreditando nas duas casas, uma de saúde e a outra
financeira. Interessante. Isto é credibilidade! Querem um exemplo de
credibilidade? Estou dando! Eis aí um exemplo de credibilidade. É isto: falam
mal, criticam, põem em duvidosa posição uma organização. E ela se mantém
impávida e resiste a tudo. O Meridional e o Hospital de Pronto Socorro. Cito
estas duas organizações como exemplo de credibilidade.
A notícia
correu pela consciência de todas as classes: o muito rico, o rico, o pobre, o
muito pobre, o desamparado que se socorre do HPS nos seus piores momentos; e
todas essas classes confiaram, não ficou em cogitações o HPS não atender bem.
Repentinamente isso surgiu. Por quê? É preciso que nós tenhamos consciência do
que existe. Os médicos ganham pouco? Sim. Quando eu estive lá, durante toda uma
manhã, como homem público, para conhecer as deficiências do Pronto Socorro, o
Diretor do Hospital me acompanhou durante toda a jornada. Desci do último andar
até o térreo, fui até a sala dos politraumatizados. Vi tudo muito antes de
qualquer comissão se arvorar e inspecionar o Pronto Socorro.
Fui
surpreendido ao saber quanto ganham os médicos. Eles ganham 1.100 reais para
trinta horas de trabalho. Se os médicos ganham essa quantia, os enfermeiros, os
atendentes de enfermagem e os funcionários da administração não devem ganhar
muito mais do que isso. Devem acompanhar os vencimentos dos médicos. De fato é
irrisória a quantia que se paga a um médico do HPS. Vejam que são 1.100 reais
para ficar o tempo todo no combate. São horas de verdadeiro combate. Um médico
de plantão no Pronto Socorro não pode ficar aguardando frivolidades. Ele tem
que estar apto a resolver os maiores problemas de acidentes da Cidade. É por
isso que ele se chama de Hospital de Pronto Socorro.
O Governo
Federal é, na verdade, um gigolô da saúde, através do SUS. Quanto se paga a uma
internação hospitalar? Quanto se paga ao atendimento médico? Não vou aqui me
reportar a quantias, mas é de fato alguma coisa que não retribui os serviços
prestados. Lá é uma unidade de combate. O Pronto Socorro está dia e noite
capacitado a resolver os casos mais intrincados. Às vezes, os plantões são
deficientes, porque os médicos atuam em diferentes frentes. É uma organização
desgastada pelo uso freqüente. O nome é Pronto Socorro. Vou repetir: Pronto
Socorro. O dia-a-dia é de atribulações, onde se desgastam os equipamentos, os
médicos estão extenuados, isso sim, pretende-se medir repentinamente por uma
opinião do Conselho. O Centro de Estudos, repentinamente, resolveu criticar
essa fleuma que o Pronto Socorro se propõe. É claro que é um Hospital de combate.
V. Exa. sabe o que é combate, combate é do jeito de atire em quem pode, em quem
aparece. Qual é a conduta de combate: atirem em quem aparece. Isso é o Pronto
Socorro, o Hospital resolve os problemas que se apresentam a ele venham de onde
vierem.
O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) V. Exa. não acha muito estranho que o Conselho, que permanentemente
deveria fiscalizar, só se pronuncie depois de um episódio de alguns
funcionários, não viu a Instituição e não acompanha a Instituição como um todo?
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu estranho, porque as
salas de cirurgia estão em bom estado, o material em processo de compra, falta
material, porque o material é usado, as peças cirúrgicas em desgaste pelo uso
sujeitas à reposição. Na verdade, a fleuma do Pronto Socorro é contínua, a sala
de sutura em ritmo de trabalho acelerado é sujeita à contaminação, isso é
grave, a única coisa que achei grave da inspeção que fez o CREMERS.
Equipamentos não sofisticados, não tenho condições de citar aqui, estão para
reposição. Sabemos da dedicação do Secretário de Saúde, nosso querido
companheiro Henrique Fontana, sabemos da sua visão altruística, ele pretende
dotar o Pronto Socorro de material. Agora, pergunto: onde estão os 9 milhões de
reais que o Governo do Estado não repõe? A Emenda Popular que apresentei duas
vezes, junto com milhares e milhares de gaúchos, onde está? Os 9 milhões
serviriam agora para sanar essas deficiências! Respondam! São 9 milhões que se
tivessem sido destinados ao Pronto Socorro de Porto Alegre este não estaria
passando por essas pequenas deficiências. O cúmulo dos disparates foi que
disseram: mas o Pronto Socorro não possui UTI pediátrica! Não existe na América
Latina! Sabiam? Vai haver, no Pronto Socorro, uma UTI pediátrica a partir do
princípio do ano. Mas vejam a arrogância, a petulância destes indagadores,
botando dúvidas sobre o Pronto Socorro. Aí é que está o disparate, intencional,
malicioso. Não tem UTI pediátrica. Ora, não existe na América Latina. E no Pronto
Socorro vai haver.
Quarenta por
cento dos clientes do Pronto Socorro são pessoas oriundas de fora do Município,
de fora do Estado. E por que o Governo não deu os 9 milhões? Pois, agora,
“coloco o dedo na cara do Governo”. Onde estão os 9 milhões? Por que não deram
os 9 milhões? Eis a pergunta. Se tivessem dado os 9 milhões, o Pronto Socorro
não estaria passando por isso! Desloquei-me três vezes até a Assembléia
Legislativa, acompanhei as votações; fui às comissões; fiz tudo o que podia
fazer, em nome da Câmara, e os 9 milhões não foram dados. Agora inventam esta
bobagem, esta dúvida sobre Porto Alegre: o Pronto Socorro está “fazendo água”.
Que água? Vão trabalhar! Vão inspecionar outros hospitais, mas não o Pronto
Socorro. Ali no Pronto Socorro será erguido um edifício de sete andares em cima
das garagens, para onde vai-se deslocar o almoxarifado.
O SR. PRESIDENTE: Para concluir, nobre Vereador.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Dizia que para este edifício
que será erguido no Pronto Socorro vão-se deslocar o almoxarifado, a
biblioteca, o refeitório. Vão para a parte anterior do edifício e sete andares
que vão se elevar, porque lá não existe alternativa de crescimento do prédio. E
nós teremos o aumento do Pronto Socorro com 50 vagas de atendimento aos
politraumatizados.
Deixem de dizer
bobagem. Preocupem-se com outras coisas. Não fiquem confundindo os
porto-alegrenses. Assumam! Um médico ganha pouco? Mil e cem reais! Tem que
contratar médicos! Tenham coragem, Vereadores do PT, e proponham a contratação
de médicos, que nós apoiamos. Não façam onda desnecessária, que tumultua, que
deixa aflito o povo pobre, desempregado, miserável, que precisa de paz, e não
de dúvidas. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece que o Ver. Pedro Américo Leal
ultrapassou o seu tempo em vários minutos.
O Ver. Luiz
Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Pedro
Américo Leal é um dos Vereadores mais experientes que nós temos nesta Casa; tem
uma vida passada cheia de realizações e é um grande conhecedor não apenas do
nosso Município, mas de todo o nosso Estado. Mas eu sou obrigado, Ver. Pedro
Américo Leal, com todo o respeito que tenho por V. Exa., a divergir de algumas
das suas opiniões expressadas aqui desta tribuna. Uma delas é com relação
àquela Moção que aprovamos nesta Casa, contra meu voto, de fazer com que o
Governo do Estado destinasse, no seu orçamento, recursos para o Hospital de
Pronto Socorro. Eu fui contrário a esta idéia, porque o Rio Grande do Sul
precisa construir hospitais em outras cidades para que estas pessoas que vêm em
ambulâncias para serem atendidas no Hospital de Pronto Socorro possam ser
atendidas em suas regiões. Então, temos que privilegiar, dentro do Orçamento do
Estado, como foi feito, recursos para que nestas outras cidades se construam
hospitais. Não que o Hospital de Pronto Socorro não possa ser melhor
estruturado, e está sendo. E V. Exa. deu um exemplo: nós votamos, no ano
passado, recursos para que se construísse o anexo do Hospital de Pronto
Socorro.
Quero dizer,
Ver. Pedro Américo Leal, que todos queremos que ele funcione bem, e eu quero
que V. Exa., com toda sua experiência, possa avaliar que as denúncias não foram
feitas pelos Vereadores de oposição, mas as denúncias com relação aos problemas
do hospital foram feitas por pessoas que estão, atualmente, exercendo as suas
funções, como médicos e como enfermeiros, dentro do hospital. Então, é
obrigação da Câmara. Ela não vai fazer nenhum tipo de estardalhaço, mas ela tem
obrigação de verificar se essas denúncias que foram feitas são reais ou não. Se
por ventura, Ver. Pedro Américo Leal, visitarmos o hospital, conversarmos com
os funcionários do hospital e chegarmos à conclusão de que todas as denúncias
que foram feitas não são reais, aí, sim, podemos ficar tranqüilos. Nós
representamos toda a sociedade, muito embora, individualmente, visitemos o
Hospital de Pronto Socorro para saber de seu funcionamento. Mas agora é uma
visita oficial, através da Comissão Externa que foi pedida, e que o Ver. Paulo
Brum, da Bancada do PTB, fez questão de participar. E eu acho que ele tem
legitimidade para participar, já que, conforme relatou, foi um dos pacientes
salvos pelo HPS. Só que aquele relato que o Ver. Paulo Brum fez foi há 21 anos,
e nós estamos discutindo o Pronto Socorro hoje, 1997. O Pronto Socorro do
passado - e aí tenho que me valer de alguns especialistas - era um, precisava
de um determinado tipo de estrutura. Mas as populações cresceram, os
atendimentos do HPS também aumentaram, as pessoas que vêm do interior
aumentaram em número, compraram muitas ambulâncias no interior para trazer
pacientes para cá para os primeiros socorros. A estrutura que precisa hoje é
outra.
Os médicos
estão trabalhando insatisfeitos. Qual é o trabalho que eles vão continuar
realizando? Os enfermeiros estão trabalhando insatisfeitos. Qual é o trabalho
que vão continuar realizando? É a política salarial que precisa ser revista, e
a política salarial do Município não apenas com relação ao HPS. É obrigação
desta Casa verificar toda a política salarial do Município, que não é essa
riqueza que se prega, que funcionário municipal ganha muito bem, enquanto os
funcionários do Estado e da Federação não ganham bem. É preciso fazer um
estudo, porque em razão da política salarial temos, hoje, problemas no Pronto
Socorro. E eu apenas contrario o Ver. Pedro Américo Leal quando ele diz que não
precisamos ir lá. Acho que precisamos. É uma obrigação desta Casa ir ao HPS,
formar essa Comissão, verificar se as denúncias são verdadeiras e tomarmos
medidas necessárias. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Quero enfatizar que existia uma convocação
preliminarmente feita aqui pela Mesa, com a concordância dos Líderes que
estavam presentes, para que reuníssemos as Lideranças e a Mesa às 11h15min ou
11h30min. Entretanto, dado que a Reunião Representativa ainda não terminou,
estamos sugerindo, conforme conversado com algumas lideranças, para as
14h30min, na sala da Comissão de Educação. É uma reunião importante para tratar
desses assuntos de fim de ano.
O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): A imprensa hoje notícia que
houve uma reunião de Lideranças e da Mesa, que estiveram ausentes alguns
partidos, entre os quais o PFL. É preciso que fique esclarecido que a reunião
de ontem foi a reunião dos signatários do acordo aqui da Casa, na qual o PFL,
não sendo signatário, não deveria comparecer. Tínhamos um compromisso hoje, às
14h30min. Acabamos de adiar porque para comparecer na reunião das lideranças e
da Mesa, convocada por V. Exa.
O SR. PRESIDENTE: Esclarecemos, ainda no início da Sessão, que
não foi uma reunião de Mesa e Lideranças, mas sim de algumas lideranças. Já
está devidamente esclarecido ao Plenário.
O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, observo que a Sessão de hoje é praticamente de despedida na medida
em que a próxima quarta-feira, dia em que, regimentalmente, se reúnem a
Comissão Representativa, será dia 24 de dezembro, e esse dia nem os fariseus
iriam justificar que pretendêssemos reunir essa Comissão Representativa, salvo
diante de uma situação de emergência tal que viesse a isso determinar e que não
diviso que ocorra. Certamente, estaremos hoje aqui nos encontrando pela
derradeira vez antes das festas natalinas, que justificam essas mensagens
belíssimas, como a assinada pelo Ver. Luiz Braz, que tive oportunidade de lê-la
há pouco, e que é repleta de amor fraterno e cristão. Juntamente com o Natal,
vamos alcançar um novo ano, eis que no dia 29 e 30 parece-me que os grandes
partidos da Casa já costuraram uma autoconvocação da Câmara de Vereadores para
analisar alguns projetos, conforme também foi anunciado pela imprensa, e onde
não vi incluído, para meu desagrado, o novo Regimento Interno da Câmara de
Vereadores de Porto Alegre, cujo estudo foi concluído e que mereceu um
brilhante parecer de V. Exa., que não li, mas assinei, apoiando, porque sei que
V. Exa. não seria capaz de produzir um documento que não fosse uma contribuição
à vida parlamentar da Cidade, V. Exa. que é um dos maiores defensores desta
instituição, que eu acredito que esteja se apequenando, em alguns momentos, por
alguns equívocos de entendimento da verdadeira função do parlamento dentro do contexto
da sociedade.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Como participei da reunião ontem, posso dizer a V. Exa. que aqueles
que lá estavam deram muita atenção ao Regimento. Ficou mais ou menos conversado
de que nós vamos marcar uma data para que possamos analisar todo o Regimento,
porque nós não conhecemos ainda o parecer do Ver. Pedro Américo Leal, que,
sabemos, vai ser orientador em toda a Casa. Queremos conhecê-lo para poder
marcar uma data, de acordo com a vontade manifestada, ontem, pelas Lideranças.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ilustre Ver. Pujol, eu acho que recebi uma das
maiores provas de confiança dos Vereadores porque, ao apagar das luzes daquela
Sessão tumultuada e tormentosa que tivemos no dia 15 de dezembro, eu procurei
os Vereadores e mostrei o meu parecer, e todos assinaram sem ler. Isso para mim
significou muito, porque eles confiaram naquilo que eu fiz. Talvez, mais
adiante, discordem. Eu sou, sobremaneira, grato e profundamente agarrado a esta
prova de confiança que me deram os meus colegas. Acho que é um trabalho muito
sério que o Presidente Clovis Ilgenfritz me deu, onde faço uma série de
inovações, algumas delas atrevidas, e que V. Exas. não vão concordar. O PT, por
exemplo, esbravejará, quando eu diminuo o número de tribunas populares; alguns
Vereadores vão ficar discutindo, quando eu coloco as Comunicações na entrada da
Sessão. Fala-se de falar política. Não se vai falar de projetos
administrativos, porque esta Casa está soterrada sob projetos administrativos!
São Vereadores que inventam leis! É um campeonato de invenções de leis! Nós
estamos procurando sanar isso. Não sei se vamos conseguir.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Agradeço o seu aparte e, como V. Exa. assinalou, foi-me dado um
crédito de confiança, mesmo não lendo o relatório, mas conheço as suas posições
acerca do andamento dos trabalhos da Casa e da necessidade de algumas correções
de votos. Por isso, eu me perfilo entre aqueles que achariam, e continuo
achando, que uma Convocação Extraordinária seria o clima especial, adequado,
para o exame de uma matéria dessa profundidade. Porque para demonstrarmos à
opinião pública - com quem temos total responsabilidade - que não faltamos com
a nossa responsabilidade para com a Cidade, sempre diligenciamos em ver
atendidos todos os clamores do Executivo, que tarda nas suas providências e
remete-nos tardiamente os processos. E nós, num esforço extraordinário de final
de ano, conseguimos votá-los, e aqueles que não conseguimos votar levamos para
uma autoconvocação. E não somos remunerados por essa autoconvocação - é bom que
se afirme e reafirme isso. Porque, quando toda a imprensa brasileira noticia,
há uma campanha de descrédito ao Congresso Nacional por causa da remuneração
que será devida aos parlamentares que compõem o Congresso Nacional e também
àqueles que integram a Assembléia Legislativa do Estado.
Quando há essa
soma de informações, tendentes a desmobilizar e a desconsiderar o trabalho
parlamentar, surge a informação que estamos nos autoconvocando. A primeira
visão que passa, aquilo que as pessoas me perguntam nas ruas, nos restaurantes,
nos bares, nos cinemas, nos bares onde me encontro: “Quanto é que vocês vão
ganhar por essa autoconvocação? Quantos ‘pilinhas’ vão entrar para o Ver.
Pujol, para o Ver. Clovis Ilgenfritz, para o Ver. Pedro Américo Leal?” E nós
não vamos ganhar nada! Absolutamente nada! Isso tem que ser dito em alto e bom
tom. É até um erro nós não ganharmos nada! Mas, se já pago pelo erro dos
outros, que fizeram esse absurdo de retirar a remuneração, não vou querer pagar
por outro: o de não ganhar e ainda reclamar de que a gente está ganhando, de
estar arrumando um expediente falso para melhorar o meu Natal e o de minha
família, que mereceriam o melhor Natal do mundo. Mas não o terão por este
expediente. Vão ter pelo meu amor, carinho, solidariedade e fraternidade, e não
porque o Ver. Clovis Ilgenfritz e o Ver. Luiz Braz, que vai ser o Presidente da
Casa, arrumaram uma manobrinha no fim do ano, e nós vamos nos convocar dois ou
três dias e ganhar uns pilas a mais. Não é isso.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. me permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Eu tenho uma vida parlamentar um tanto
extensa. Quando eu cheguei a esta Casa, que percebi que a Convocação
Extraordinária não é remunerada pelo Executivo, quando ele tem a
responsabilidade desta convocação, está errado, pois se o Executivo não mandou
os projetos, não aprontou o expediente em tempo previsto, ele tem que pagar por
isso.
O que é que
parece ao povo, ao público? Que a Câmara não trabalhou. Por isso ela tem uma
Convocação Extraordinária, o que é completamente errado. O Executivo não mandou
os projetos. Nós estivemos aqui e não teve um dia, em cinco anos que estou
aqui, que não houvesse Sessões. Mas não vieram os projetos. Nós estávamos aqui.
A culpa é do Executivo. Ele tem que pagar por este lapso que cometeu. E como
ele paga? Pagando a Convocação Extraordinária da Câmara de Vereadores - está
certo. Eu tenho esta opinião e, surpreendentemente, vi que aqui não é assim.
O SR. REGINALDO PUJOL: No final, Ver. Pedro
Américo Leal, lhe agradecendo o aparte, quem acaba pagando o ônus, perdendo e
se desgastando somos nós, que somos as vítimas desse processo, nós, que ficamos
aqui trabalhando o ano todo na Comissão de Constituição e Justiça, analisando
391 projetos. Ficamos trabalhando, muitas vezes, de manhã, de tarde e até à
noite. No final do ano, somos atropelados por uma série de projetos, alguns dos
quais entraram aqui no dia 07 de dezembro. E aí? Diante do atendimento das
necessidades do Executivo, nós vamos fazer uma Convocação Extraordinária, onde
todo mundo nesta Cidade e neste Estado pensa que estamos ganhando para isso. E
não estamos ganhando, vou repetir. De outro lado, além de não ganhar, ficamos
com a pecha de termos sido vagabundos durante o ano, de não termos trabalhado
adequadamente. Não é isso.
Então, Sr.
Presidente, eu até lhe solicitaria, como eu tenho o tempo de Comunicação de
Líder, que não utilizei, que V. Exa. me concedesse esse tempo para que eu
pudesse me aprofundar um pouco mais no assunto.
O SR. PRESIDENTE: O que V. Exa. solicita terá imediatamente.
Só lhe peço um hiato, porque está aqui o meu Chefe de Gabinete, o arquiteto
Paulo Soares, que está de aniversário hoje. Quero saudá-lo. Ele não sabia
disto; eu o chamei para fazer esta surpresa. (Palmas em homenagem a Paulo
Soares.)
O SR. REGINALDO PUJOL: A interrupção, mais do que
justificada, nos permite dar calor à homenagem que fazemos ao companheiro, que,
no seu dia de aniversário, às 12h30min, se encontra aqui trabalhando. Isso é
uma constante nesta Casa, onde são contrariados todos aqueles que querem
apresentar o servidor público como um exemplo de pessoa que não produz, que não
trabalha. Aqui eu não conheço quem não trabalhe; eu vejo gente trabalhando até
demais, pecando, às vezes, por excesso de trabalho, porque até no excesso de
trabalho pode-se cometer algum equívoco.
Aproveitando a
Comunicação de Liderança, eu quero reafirmar os conceitos que eu vinha
apresentando acerca do desgaste que nós temos por promovermos convocações
extraordinárias, que são mal-entendidas no grande mundo da opinião pública como
sendo um lance de esperteza dos Vereadores, que, deliberadamente, retêm alguns
projetos durante o ano para justificarem uma autoconvocação e, com isso,
ganharem uma remuneração extra, reforçando a caixa do seu Natal. Fique
absolutamente claro, fique cristalino, fique acentuado, gizado e grifado:
primeiro, que nós não retardamos projeto algum; segundo, que nós não vamos
ganhar absolutamente nada para resolver um problema que não criamos, do qual
não somos os algozes, e sim as vítimas, do qual não somos sequer iniciantes,
quem dirá concludentes. Não somos os que propiciaram o surgimento do problema,
muito menos os que dão vazão à sua realização.
Este Vereador,
no mês de março deste ano, alertava o Sr. Prefeito Municipal de que eu não
votaria nenhum projeto que viesse à Casa depois do dia 15 de novembro e que, se
tivesse que votar, votaria contra todos eles. Ocorre que razões surgiram e o
Executivo justificou que tinha que mandar para cá o PASEP, na última hora; que
tinha que mandar o problema do transporte coletivo, em face da vigência, em
janeiro, do novo Código Nacional de Trânsito, o que de certa forma se
justifica; agora estão falando que vamos voltar a tratar do assunto do IPTU.
Faz 90 dias que tratamos desse assunto, com urgência, retirada de urgência, com
pareceres, contra-pareceres, e o que está sendo passado para a opinião pública
é que os Vereadores deram um “jeitinho”, se autoconvocaram, vão ganhar um
dinheirinho e, em contrapartida, o povo vai marchar. “No final do ano eles vão
aprovar o novo IPTU e o povo, que já está pagando para eles, que foram
vagabundos e não trabalharam durante o ano, vai ter que pagar o novo IPTU.”
Quero fazer
esse alerta a toda a Casa. Nas condições em que está colocado, mesmo aqueles
que pudessem ter alguma dúvida acerca da conveniência da operação da planta
genérica de valores do Município e dessas alterações que estão sendo tão insistentemente
pleiteadas pelo Executivo Municipal, mesmo aqueles que pudessem ter alguma
proposição nesse sentido vão ter que cuidar muito bem da responsabilidade do
seu ato. Eu espero não ter que, no fim do ano, conviver com uma manchete dos
jornais de Porto Alegre, em notícia nas rádios e televisão, dizendo: “Os
Vereadores se reuniram no final do ano, não cuidaram da sua organização
interna, não cuidaram do Regimento, não cuidaram dos assuntos que teriam que
priorizar, mas, não obstante não cuidar de tudo isso, souberam cuidar de si,
porque se beneficiaram com Convocação Extraordinária. Foram no bolso do
contribuinte, mais uma vez, e tiraram mais uma fatia do já minguado orçamento
do porto-alegrense”.
Espero não ter
que conviver com essa manchete, porque seria não ter um final feliz de ano
juntamente com meus pares, que merecem ter um final feliz e digno, porque
tiveram um ano de trabalho digno nesta Casa e não podem agora ser vitimados ao
final de todo esse período de trabalho em que cada um cumpriu com o seu dever.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra em
Comunicação de Líder.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu acho que as preocupações do Ver. Reginaldo Pujol são procedentes,
embora eu não tenha detectado, em nenhum setor, que esteja sendo espalhado que
os Vereadores deixaram de votar na undécima hora, e no final do ano receberem
gratificação extra. Em todo caso, há que se posicionar com relação a essa
configuração que pode ser estabelecida.
Eu soube que,
em um programa de rádio, do Sr. Rogério Mendelski, uma senhora telefonou se
referindo a isso, de que os Vereadores não tinham votado todas as matérias e
queriam as sessões extraordinárias para ganhar extra. É claro que essa senhora
estava mal-informada. Mas para evitar isso, Sr. Presidente, eu vim a esta
tribuna para fazer uma sugestão a V. Exa.: que no edital de Convocação, além
das matérias em pauta, duas questões. Primeiro: que a Convocação é sem ônus.
Segundo: que é em consonância com o Poder Executivo. E digo mais: dos dois
projetos, o da nova gestão da SMT, Ver. Pedro Américo Leal, não tem 30 dias na
Casa ainda, não pode nem ser pedido o art. 81. De modo que não é a questão da
reforma, que faz dois anos, três anos. Não é nada disso. E mais: é um projeto
de grande envergadura, que merece estudo.
Nós traçamos a
votação. Foi um pedido nosso à Bancada do Governo de não entrar nos últimos
dias, porque na última tarde, quando o Sr. Leonel Brizola aqui esteve, foram
votados dez projetos de grande importância, e nas Sessões anteriores já tinham
sido votados oito ou sete projetos. Só não foi colocada a nova gestão
exatamente pela nossa responsabilidade, por não querermos rejeitar algo que
desconhecíamos, porque era de interesse da Cidade e por isso queríamos estudar.
Eu falo como relator da matéria. Até segunda-feira - hoje é quinta -, eu não
teria condições de relatar esse processo pela sua complexidade. É por isso que
ontem, na reunião, propugnamos para que a reunião ocorresse nos dias 29 e 30.
Então, quero
que fique claro que, se alguma dúvida a população tem, é bom que proclamemos
isso. As notícias que saem nos jornais são sempre para criticar as sessões
extraordinárias da Assembléia e do Congresso porque elas são com ônus. Nunca
ouvi falarem exatamente o contrário, elogiarem a Câmara por se autoconvocar
para trabalhar de graça. Foi bom isso, porque assim vamos colocar na nota
oficial. Penso que temos que fazer essa proclamação, por timidez ou até pela
própria situação de não querermos chamar a atenção para esse fato nosso, mas
acho que vamos chamar, sim, e dizer que a Câmara se reúne para votar projetos
importantíssimos para a Cidade, seja o IPTU ou o Código Tributário. O Código
Tributário não pode ser votado depois do dia 31. Tem que ser neste ano ainda.
Nós podíamos dizer que agora vamos nos reunir dia 10 de janeiro, que seria
legítima a Convocação Extra, mas até o final do ano reuniremo-nos para não
deixar de votar o Crédito Tributário, mesmo que seja para rejeitá-lo, porque
ele tem necessidade, em caso de aprovação, de ser votado neste ano.
É profundamente
lamentável que se tenha de dar explicação para coisas que, para nós, são
ultrapassadas, são questões pacíficas, que é a nossa posição de trabalhar sem
receber gratificação extra, e trabalhar com grande responsabilidade. Eu poderia
dizer, se fosse demagogo e irresponsável, que vamos nos reunir para trabalhar
para o Executivo. Não, eu não chegaria a tanto. Eu digo que trabalhamos pela
população de Porto Alegre. E vou dizer mais: com muito gosto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma
Comunicação de Líder. Desiste. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu quero fazer uma saudação inicial ao Luiz Carlos Pinto, Diretor
Administrativo do Hospital Cristo Redentor, e que fez naquele hospital, naquela
comunidade, um trabalho digno do respeito da Zona Norte. Eu, como integrante
dessa Zona - e o Hospital Cristo Redentor também tem o seu pronto socorro, tão
debatido -, quero cumprimentar o Luiz Carlos Pinto, que nos visita nesta manhã,
e transmitir a ele e a todos os funcionários daquele hospital, pelo belo
trabalho, pela luta que faz o nosso Hospital Cristo Redentor na defesa da saúde
e bem-estar da nossa comunidade.
Quando eu fui
Secretário Municipal dos Transportes, por volta de 1988, eu tive oportunidade
de fazer uma série de alterações quando se implantava o pronto atendimento no
Hospital Cristo Redentor, uma série de alterações para viabilizar aquele
atendimento para a nossa comunidade. Meus cumprimentos.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
estamos hoje na última Sessão da Representativa que antecede o Natal, e eu
quero aproveitar esse tempo para agradecer aos Srs. Vereadores, aos
funcionários de todas as áreas, porque nós, Vereadores, não teríamos tido o
desempenho que tivemos neste ano se não fosse o trabalho permanente,
qualificado e dedicado dos nossos funcionários. Então, quero agradecer a todos
os setores e, em especial, aos funcionários e integrantes da Comissão de
Constituição e Justiça, da qual eu tenho a honra de ser o Presidente. Quero
dizer que a nossa Comissão teve um desempenho muito grande neste ano. Tivemos a
oportunidade de fazer 91 encontros e relatar 392 processos. Vejam bem, todos
eles do ponto de vista da constitucionalidade, da legalidade, matéria que
demanda pesquisa, estudo, que demanda, enfim, um trabalho muito forte para que
se consiga trazer para o Plenário todos os entendimentos no sentido de
assegurar aos Vereadores a legalidade indispensável no processo legislativo.
Também quero
agradecer à população desta Cidade, população que esteve sempre nesta Casa, nos
mais variados momentos, quer defendendo as suas posições, quer reivindicando em
nossos gabinetes, permanentemente, recebendo pessoas da comunidade. E nós,
nesta função magnífica que é a função de Vereador, esta que é a representação
mais próxima da população, já que o Vereador está junto da comunidade, recebendo
as suas reivindicações, tentando resolver os seus problemas na medida das
nossas possibilidades. Foi um ano de muito trabalho aqui, na Câmara de
Vereadores, e tivemos a oportunidade de nos dedicar. E quando falo em nós, falo
em nome de todos os Vereadores. Esta Casa funcionou todos os dias.
Realizaram-se todas as Sessões.
Queremos
desejar, e o fizemos em nome da Comissão de Justiça, um Feliz Natal, um
próspero 98, que seja um ano cheio de felicidades, e que para a nossa
comunidade o Papai Noel traga um saco cheio de felicidades, de alegrias, de
conforto para as nossas famílias! E que no ano que vem a população tenha um ano
repleto de realizações! É verdade que estamos atravessando momentos difíceis,
estamos com altas taxas de desemprego, há uma crise imensa, mas o nosso povo
tem muita esperança, tem confiança no futuro, e, um dia, haveremos de encontrar
os caminhos definitivos não só de Porto Alegre, mas de todo o nosso País.
Sou um
entusiasta do povo brasileiro. Acho que somos um País riquíssimo e, na verdade,
todos temos falhado. Mas somos um País rico, com oito milhões de quilômetros
quadrados, um País que tem água, tem terras aráveis, tem riquezas minerais e
tem um povo bom, que trabalha. Temos 160 milhões de brasileiros, temos um
mercado comum até maior que o europeu. Vejam que Nação fantástica esta! O que
ela tem é que despertar para os seus rumos definitivos. Então, haveremos de
fazer uma grande nação, porque temos tudo: terra, povo, mentalidade
latino-americana. No Brasil existem dificuldades, mas é um país que não tem
ódio. A nossa formação não admite ódio. Existem alguns preconceitos; algumas
discriminações se observam em determinados setores, mas isso é minoria, não é
maioria. Temos um país pronto, um povo que tem esperanças para ingressar no
terceiro milênio preparado para construir a pátria comum de todos nós, a pátria
dos nossos filhos, da liberdade, da dignidade, enfim, a pátria comum da qual
todos têm que participar. Haveremos de encontrar os nossos caminhos definitivos
com esforço, trabalho, luta de todos nós, cada um cumprindo a sua obrigação,
seu dever, com honestidade e dedicação. Haveremos de libertar o nosso povo,
povo tão sofrido, povo que é alegre, trabalhador, que encontrará o seu rumo
definitivo.
Receba esta
Presidência, Ver. Paulo Brum, os meus agradecimentos; ao Presidente Clovis
Ilgenfritz, que teve uma Mesa tão fecunda e fértil de realizações, também.
Receba o Canal 16, os seus produtores, os meus cumprimentos. Saímos com a
consciência tranqüila de termos cumprido as nossas obrigações. Estou com o meu
dever cumprido e isso para mim é tudo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu não fiz parte daqueles
que apoiaram esse pacto, então estou em boa situação para dar as congratulações
a V. Exa. e ao Presidente Clovis Ilgenfritz pela profícua gestão que fizeram.
Enumero o que fizeram: conseguiram mudar a realização das Sessões para o
Plenário maior, fazer toda a remodelação dos gabinetes, colocar nas Comissões
as bancadas que as caracterizam, trouxeram a televisão para visualizar as
Sessões Plenárias. Digo isso porque para o artista não basta só o cachê, ele
precisa de palmas. Não há quem trabalhe com o teatro vazio; mesmo remunerado, a
peça é um fracasso. Sinceramente, sou um Vereador que ficou satisfeito por ter
tido a gestão que não desejava.
O SR. PRESIDENTE (Paulo
Brum): Obrigado, Ver. Pedro Américo Leal. V. Exa. foi sempre um crítico no
bom sentido, um crítico em busca da construção, em busca das realizações. Nós
ficamos extremamente felizes em poder ter, de alguma maneira, correspondido às
suas expectativas.
Não havendo
mais Vereadores inscritos, encerramos a 23ª Reunião Ordinária da Comissão
Representativa, desejando a todos um Feliz Natal, um próspero 1998! Que as
bênçãos do Menino Deus recaiam sobre os lares dos Senhores, sobre as suas
famílias e que nós possamos, no ano que vem, estar juntos na busca do melhor
para a nossa Porto Alegre. Muito obrigado a todos.
Estão
encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Reunião às 12h52min.)
* * * * *